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COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


Lição 7 – Aliança no Sinai

Autor: Gilberto Theiss

Introdução

Certa vez, um andarilho entrou em uma igreja pedindo um cobertor para se abrigar do frio. Não demorou para que um dos membros se dispusesse a ajudá-lo, pedindo que o acompanhasse até sua casa, onde, então, receberia um belíssimo cobertor. Ao chegar à casa do irmão, feliz por receber o cobertor, aquele homem necessitado saiu rumo à sua casa, que era, na verdade, uma ponte ou qualquer lugar em que pudesse se esconder da chuva. No dia seguinte, para a surpresa do irmão da igreja, o andarilho apareceu em sua porta pedindo comida. De imediato ele foi atendido. No outro dia, novamente, aquele morador de rua apareceu pedindo comida e roupas. Mais uma vez ele foi servido. No quarto dia, o pobre homem novamente foi à casa do irmão que o ajudava, para pedir mais comida. O rapaz que sempre o acolheu, atendendo suas necessidades, ofereceu-lhe um trabalho em um sítio e um quarto de uma pensão. O salário que ele ganharia no sítio seria suficiente para custear sua alimentação e o aluguel, e ainda lhe sobraria algum recurso. Infelizmente, aquele homem necessitado nunca mais retornou para pedir qualquer coisa. Por mais impressionante que pareça, é assim que às vezes ocorre quando alguns são desafiados a renunciar à velha vida para viver a aliança com Deus em novidade de vida.

Deus é capaz

Israel passou algumas centenas de anos no Egito, tempo que pareceu suficiente para que, em alguns pontos, o povo subestimasse o que Deus ainda era capaz de fazer pela nação. Os constantes murmúrios, revoltas e rebeliões pelo deserto evidenciam as dificuldades que as pessoas tinham em confiar plenamente no Deus da aliança. Em Êxodo 6:6, 7, percebemos a maneira muito enfática pela qual Deus apelou ao coração delas, transmitindo confiança quanto à Sua capacidade de tirá-las das garras egípcias e conceder-lhes liberdade e abundância de vida. Portanto, os versos 6 e 7 ensinam que Deus:

a) É capaz de libertar Seu povo da escravidão, mesmo que seja das mãos do poderoso Egito;

b) É capaz de liderá-lo, mesmo na hostilidade do deserto;

c) É capaz de trazer Seu povo para casa, mesmo que não tenha nenhuma terra para que chame de casa;

O significado da figura do “braço estendido” (Êx 6:6) era bem familiar para os israelitas. Muitos deuses egípcios eram representados com os braços estendidos, como símbolo de seu poder arrebatador. Nos hieróglifos que ainda podem ser observados no obelisco de Heliópolis, dois braços estendidos aparecem como parte do título de um dos reis, Osirtasen Racheperka, com a seguinte significação, “Osirtasen, o sol, é poder! (Exell, J. S., The Biblical Illustrator: Exodus, p. 130, 131).

Mas o Deus de Israel, que é infinitamente superior aos deuses criados pelos homens, apresenta-Se com Seus braços estendidos para Se opor ao braço estendido de Faraó e de seus falsos deuses. As palavras de Jeová, apresentadas por meio de Moisés, tinham por objetivo transmitir a confiança de que o Deus dos Céus batalharia por eles. As palavras foram incisivas: “Portanto, diga aos filhos de Israel: ‘Eu sou o Senhor. Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito, vou livrá-los da escravidão, vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo’” (Êx 6:6). Moisés foi o instrumento das mãos estendidas de Deus, pois foi por Suas mãos estendidas que Deus,

a) Trouxe diversas pragas sobre o Egito;

b) Realizou milagres para o sustento do povo pelo deserto;

c) Conquistou vitórias contra inimigos poderosos.

Um clássico exemplo de vitória contra inimigos poderosos foi a peleja de Amaleque contra os israelitas. Quando Moisés levantava as mãos, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava as mãos, Amaleque prevalecia. Então, Arão e Hur sustentaram as mãos de Moisés erguidas até o fim do dia. Dessa maneira o exército inimigo foi vencido (Êx 17:11-13). Como Israel viveu muito tempo no Egito, provavelmente tenha se familiarizado com a cultura daquela nação. Por esse motivo, a linguagem das “mãos estendidas” transmitia credibilidade e confiança ao povo.

Aliança no Sinai

“Então, falou Deus todas estas palavras” (Êx 20:1). Moisés identificou o Autor das palavras que seriam proferidas – “falou Deus”. Possivelmente, o profeta tivesse pretendido, com essa introdução:

1. Despertar o sentimento de reverência e preparar o povo para aquilo que ele estava prestes a ouvir;

2. Como descreve o verso seguinte (v. 2), graças à bondade e misericórdia de Deus os israelitas seriam privilegiados em receber Sua santa lei.

Moisés deveria, então, comunicar a Israel toda essa bondade, amor e misericórdia da Divindade, que eram apenas o penhor da abundante, profunda e rica graça. A frase “falou Deus todas estas palavras” (Êx 20:1), impõe a soberania do Autor, a autenticidade das Palavras sagradas que seriam proferidas e o caráter de amor que é aprovado diante de Deus, sistematizado em cada um dos mandamentos. Essa voz que proferiu os Dez Mandamentos, se for obedecida, fará do fiel uma “possessão preciosa” para o Senhor “dentre todas as nações” (Êx 19:5), “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19:6). Portanto, aqui se encontra uma das promessas mais preciosas e universais.

A expressão “reino de sacerdotes” diz respeito a possuir dignidade e direitos reais (1Pe 2:9). O objetivo primordial do sacerdócio real era, e é tornar o povo de Deus uma nação preciosa, magnífica, sublime e santa. Mas, para isso, deveriam não apenas ouvir, mas também agir como sacerdotes, como Calvino observa: “Esta designação não foi devido à piedade ou santidade do povo, mas porque Deus o distinguiu por privilégios peculiares de todos os outros. Mas essa santificação implica, a saber, que aqueles que são tão distintos pela graça de Deus devem cultivar a santidade, de modo que santificam a Deus”. O termo hebraico para “santo” geralmente é traduzido como “separado”, mas essa é apenas sua significação secundária, derivada do propósito daquilo que é sagrado. Seu significado principal é ser esplêndido, belo, puro e não contaminado.

A lei e a graça

Em Êxodo 20:1-17 encontramos a descrição da lei de Deus que foi entregue em tábuas de pedra no Monte Sinai. Depois que o Senhor apresentou os Dez Mandamentos, os israelitas ficaram aterrorizados por causa das demonstrações da presença divina. Temeram pela própria vida e, por isso, pediram que Moisés fosse o interlocutor. O objetivo das manifestações sobrenaturais era revelar a santidade da lei e, com essa lei, mostrar ao povo sua profunda pecaminosidade. Os Dez Mandamentos não foram entregues para ensinar que a salvação do povo dependia da sua observância, mas, como descreveu Paulo em Gálatas 3:24, para conduzir o errante e transgressor ao único Ser capaz de inibir os efeitos da condenação da lei – o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). É curioso notar que a maioria das pessoas, quando lê Êxodo 20, encerra a leitura no verso 17 e, por isso, perdem de vista a glória mais preciosa do capítulo, especificamente o verso 24. Após terem recebido os Dez Mandamentos e percebido quanto estavam perdidos, foi-lhes apresentado o antídoto – o altar com o sacrifício. Deus instruiu que levantassem um altar para lembrar o povo de que os pecadores só poderiam fazer parte da aliança especialmente por meio de um derramamento de sangue. O altar e o sacrifício apontavam para o Messias, Cristo, como o caminho único para alcançar a reconciliação com Deus. Então, aceitos através do cordeiro substituto, eles seriam amparados pelo Espírito para viver em novidade de vida. A obediência humana, embora imperfeita, se torna fruto do amor e gratidão pelo favor imerecido.

Conclusão

As promessas que Deus estabeleceu para Israel, são as mesmas promessas que Ele deseja estender a nós. A expressão “reino de sacerdotes” alcança todos de nossa geração com o mesmo objetivo de nos transformar em nação preciosa, honrosa, magnífica, santa e sublime. Deus deseja nos erguer de nossa terrena condição miserável para uma posição de realeza celestial. Nesse caso, é inevitável a pergunta: Aceitaremos esse tão grandioso convite?