vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


Lição 3

Para todas as gerações

Gilberto Theiss

Na geração das fake news, é possível perceber como o mal se massifica com tanta facilidade e velocidade. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, as notícias falsas, além de alcançarem mais pessoas, se espalham 70% mais rapidamente do que as informações verdadeiras (Disponível em glo.bo/2NQL6z3). Notícias verdadeiras e que expressam o bem não parecem fazer parte do acervo de informações mais procuradas. Esse exacerbado interesse por notícias falsas, em grande parte pelos conteúdos que bem representam a maldade em vários níveis, é um exemplo de quanto o ser humano se tornou vil desde a sua queda, conforme o relato do livro de Gênesis. Mas esse mal, presente na natureza humana, precisa ser confrontado. Foi para isso que Deus manifestou Sua aliança: oferecer perdão e restauração. Através da Sua graça e poder a humanidade pode encontrar refúgio diante das forças do mal, que lutam para se manter no controle.

O princípio do pecado

A maldade do homem havia alcançado dimensões das mais cruéis. A atitude divina diante desse caos indica que não havia mais nada de bom na humanidade. “A maldade do homem era grande. A linguagem humana dificilmente poderia fornecer uma imagem mais contundente da depravação humana. Não havia mais nada de bom no homem; ele estava ‘podre até a medula” (Ellen White, The Seventh-Day Adventist Bible Commentary [Review and Herald Publishing Association], v. 1, p. 251).

Entretanto, nem sempre foi assim. Antes do primeiro pecado, Adão e Eva expressavam a imagem e semelhança do Criador. Ellen White afirma que "o homem [...] estava em harmonia com Deus. Seus pensamentos eram puros, santos os seus intentos" (Ellen White, Caminho a Cristo [Casa Publicadora Brasileira, 1999], p. 17), e que a natureza deles “estava em harmonia com a vontade de Deus [...]. As afeições eram puras; os apetites e paixões estavam sob o domínio da razão” (Ellen White, Patriarcas e Profetas [Casa Publicadora Brasileira, 2003], p. 18), ou seja, eles foram criados “sem nenhum pendor para o mal” (Caminho a Cristo, p. 21; Ec 7:29). Portanto, o primeiro ato de desobediência não foi um assalto da natureza ou fraqueza desenvolvida, mas uma escolha voluntária justificada na mera curiosidade em relação ao que o fruto poderia proporcionar e, consequentemente, fundamentada na suspeita da credibilidade da Palavra pronunciada por Deus. Embora não houvesse no casal nenhuma propensão para o mal, a partir do primeiro ato de desobediência, as faculdades deles foram “pervertidas, e o egoísmo tomou o lugar do amor” (Caminho a Cristo, p. 17). A natureza de Adão e Eva tornou-se tão enfraquecida pela transgressão que era impossível, em sua própria força, resistir ao poder do mal. Fizeram-se cativos de Satanás” (Caminho a Cristo, p. 17). Agora, não era apenas Adão e Eva que se encontravam em harmonia com a transgressão, mas toda a posteridade nasceria com “inerentes tendências para a desobediência” (Ellen White, The Seventh Day Adventist Bible Commentary [Review and Herald Publishing Association], v. 5, p. 113). Por esse motivo, o mal se sobrepõe nos gostos, desejos, prazeres e ambições.

Deus e Sua aliança com Noé

A maldade humana havia ultrapassado o limite da paciência e misericórdia divinas. Com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais claro que a humanidade não estava disposta a voltar-se ao arrependimento. Como resultado da mistura indevida dos “filhos de Deus”, descendentes de Sete, com “as filhas dos homens” (Gn 6:1-4), possivelmente descendentes de Caim, a transgressão e a rebelião contra Deus se intensificaram em tal nível que se tornou necessária uma ação catastrófica, o grande dilúvio (Gn 6:5-8). A graça de Deus ainda permaneceu com o remanescente presente na arca. Então, uma aliança seria feita com os únicos que não se haviam rebelado contra o Céu. A aliança contemplava:

A) A promessa de que Deus nunca mais destruiria a Terra enquanto a história seguisse seu curso (Gn 8:20-22);

B) A garantia de que as promessas da criação, de bênção e domínio, seriam reafirmadas por meio da vinda do Redentor, que cumpriria as promessas de restauração da aliança e do domínio perdido (Gn 9:1-19);

C) A exemplo de Adão, a nova humanidade nascida de Noé e seus filhos foi chamada para exercer domínio sobre toda a terra, com base no futuro sacrifício de Cristo;

D) A certeza da misericórdia e do perdão divino era o concerto da graça (Gn 6:8; 8:20-22; 9:1-17).

E) O sinal da fidelidade de Deus para com a aliança era o arco-íris (Gn 9:12).

Origem da aliança

Assim como ocorreu no Éden, em que Deus procurou Adão, na aliança feita com Noé e seus descendentes, vemos a mesma ação divina. Foi o Criador que tomou a iniciativa para concretizar um pacto de proteção, restauração e salvação: “contigo, porém, estabelecerei a Minha aliança [...]” (Gn 6:18). Portanto, Deus:

1) Lembrou-se de Noé e de sua família;

2) Estabeleceu uma aliança com ele;

3) Diante da iminente catástrofe, teve interesse em protegê-los;

4) Convocou-os para a construção da arca;

5) Protegeu-os da tempestade, selando a arca;

6) Após as águas baixarem, retirou-os com segurança;

7) Ao saírem da arca, ratificou novamente a aliança da graça;

8) Para transmitir segurança, prometeu não destruir a Terra novamente com água;

9) Estendeu Sua aliança com os descendentes de Noé, ou seja, com toda a humanidade.

Conclusão

Como vimos, assim como ocorreu no Éden, quando Deus chamou Adão, é Ele quem sempre estende os braços e nos chama para uma aliança de amor e salvação. Com Noé, novamente observamos a ação de Deus ao convidar o patriarca para uma aliança de proteção, cuidado e salvação. Conosco não é diferente, pois é Deus que Se aproxima e nos convida para um relacionamento de amor e eterna redenção em Cristo. O que devemos fazer com um convite assim tão especial? Adão, Noé, Abraão e muitos de seus descendentes, se lançaram nos braços do Onipotente. Portanto, creio que devemos fazer o mesmo que uma criança faz – por amor e gratidão, lançar-nos nos braços amorosos do Pai celestial.