vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


Auxiliar da Lição 2
Os princípios fundamentais da aliança

Foco do estudo: Isaías 6

ESBOÇO

O foco do nosso estudo nesta semana é Isaías 6, particularmente os três primeiros versos. O primeiro deles menciona que Isaías teve uma visão do “Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” e que a visão ocorreu “no ano da morte do rei Uzias”. Portanto, a visão poder ser datada aproximadamente entre 740 e 739 a.C. Por que o profeta se refere à morte do rei? É uma referência histórica simples? Isaías, ao aludir ao famoso monarca, quer contrastar o rei humano com o majestoso e glorioso Rei do Universo. Entre outros atributos, a santidade é uma das principais características do anfitrião soberano. Este estudo está dividido em três seções: (1) Esplendor humano, (2) Rei Supremo e (3) Nosso santo e glorioso Senhor.

COMENTÁRIO

Esplendor humano

Alguns estudiosos sugerem que a visão do capítulo 6 de Isaías serve como uma unidade de ligação entre os capítulos anteriores (1–5) e o restante do livro. Por exemplo, Edward J. Young mantém a ideia de que, nos cinco primeiros capítulos do seu livro, o profeta apresenta o núcleo de sua mensagem e, em seguida, relata seu chamado profético (Edward J. Young, The Book of Isaiah: The English Text, With Introduction, Exposition, and Notes [O Livro de Isaías: O Texto em Inglês, com Introdução, Explicação e Notas]. Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1985, v. 1, p. 233).

O segundo livro de Crônicas nos oferece um esboço do reinado do rei cuja morte é mencionada em Isaías 6. O capítulo 26 de Segundo Crônicas destaca amplamente a gloriosa carreira de Uzias durante seu reinado de 52 anos sobre Judá (2Cr 26:3). Entre outras realizações e características notáveis, o currículo do rei inclui: habilidade como estrategista militar e a consequente expansão de territórios (2Cr 26:6, 7), formação de um exército bem equipado (2Cr 26:11-14), invenção de tecnologia militar (2Cr 26:15) e prosperidade material em seu território (2Cr 26:9, 10). Tudo isso trouxe ao rei gloriosa fama (2Cr 26:15). Contudo, o mesmo registro acrescenta um detalhe sombrio e pernicioso sobre a vida do monarca: “Mas, depois que Uzias se tornou poderoso, o coração dele se exaltou para a sua própria ruína. Ele cometeu uma transgressão contra o Senhor, seu Deus, pois entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso” (2Cr 26:16). Obviamente, os sacerdotes se opuseram à intenção do rei. Eles o alertaram que não era sua função oferecer incenso e lhe disseram: “Saia do santuário, porque você cometeu uma transgressão e isso não lhe trará honra da parte do SENHOR Deus” (2Cr 26:18). A Bíblia Almeida Revista e Atualizada traduz a expressão hebraica ???ô? como “honra”. Uma tradução comum é “glória”. Portanto, em vez de glória (???ô?), o rei terá lepra (??ra?a?) até sua morte.

Ellen G. White escreveu: “Uzias ficou furioso pelo fato de ser repreendido dessa forma, sendo ele o rei. Mas não lhe foi permitido profanar o santuário contra os protestos conjuntos dos que tinham autoridade. Enquanto ali estava, numa revolta causada pela ira, foi subitamente ferido pelo juízo divino. Em sua testa apareceu a lepra. Apavorado, deixou o recinto do templo para nunca mais ali entrar. Até o dia de sua morte, alguns anos mais tarde, Uzias ficou leproso – um exemplo vivo da insensatez de abandonar um claro ‘Assim diz o Senhor’. Nem sua exaltada posição nem sua longa vida de serviço poderiam ser invocadas como desculpa pelo presunçoso pecado com que manchou os últimos anos de seu reinado, atraindo sobre si o juízo do Céu” (Profetas e Reis, p. 304).

Desse modo, referir-se à morte de Uzias, como faz Isaías no capítulo 6, é evocar um rei próspero e glorioso, talvez superado apenas pelos dois últimos reis da monarquia unida. No entanto, a glória de Uzias terminou em lepra e, portanto, em morte. Outro rei sentou-se no que outrora havia sido a sede de sua glória.

Rei Supremo

Em contraste com a experiência do famoso (porém inglório) rei Uzias, o profeta expressa a glória do Senhor em Isaías 6:1: “Vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono”. Vale a pena notar que todas as palavras que seguem “SENHOR” apontam para a posição exaltada de YHWH, Rei do Universo.
Isaías aqui usa a expressão “Senhor” (????n?y), deixando claro que ele se refere ao Soberano Governante. Esse detalhe ajuda a aprofundar o contraste entre o Senhor e o governante terrestre de Judá. O Senhor (ainda) está assentado em Seu trono; em outras palavras, Ele permanece estabelecido em Seu trono. Outros reis passaram, e passarão, mas o domínio do Rei do Universo “é domínio eterno, que não passará” (Dn 7:14). O autor enfatiza que o Senhor está assentado “e as abas de Suas vestes enchiam o templo” (Is 6:1), o que significa que a presença do Senhor impregna o templo. Além disso, os seres celestiais adoram perante Ele. Pode-se ver figura semelhante em Apocalipse 4:8: “E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estavam cheios de olhos, ao redor e por dentro. Não tinham descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir’”.

Nosso santo e glorioso Senhor

Isaías 6:3 registra que os serafins “clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos”. Parece que santidade é a expressão que os seres celestiais preferem usar para se referir ao Senhor. O que a santidade de Deus implica?

Para alguns estudiosos, a santidade de YHWH representa a essência oculta de Seu ser, Sua transcendência absoluta, a perfeição divina que O separa de Sua criação: uma distinção tanto em essência quanto em caráter – e Sua majestade moral.

Por outro lado, alguns pensam que, neste caso, santidade se refere à exclusividade de YHWH para Israel (Teófilo Correa, La Gloria del Señor en Isaías [A Glória do Senhor em Isaías]. Entre Rios, Argentina: Universidade Adventista del Plata, 2017, p. 123). Embora o elemento de distinção ou separação da santidade de Deus seja uma característica que não pode ser negada, pode-se argumentar que a palavra em hebraico expressa mais do que mera distinção.

Sobre esse assunto, temos o testemunho de línguas antigas. O termo equivalente para a palavra hebraica q??ôš (lê-se “qadoch”, santo) em acadiano é qad?šu, que significa “ser puro, brilhar”, entre outros significados (Jeremy Black, Andrew George e Nicholas Postgate, eds., “Qad?šu(m), A Concise Dictionary of Akkadian [Dicionário Conciso de Acadiano]. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2000, p. 282). À luz dessa percepção do testemunho extrabíblico, é possível inferir um elemento com o qual não há comparação devido à essência da natureza divina. Portanto, a expressão hebraica q??ôš, nesse caso, pode se referir à pureza, perfeição e glória oculta de YHWH. Em outras palavras, santidade é a essência do ser de Deus; mas essa essência não está completamente oculta porque é revelada, em parte, em Sua glória que enche toda a Terra. Q??ôš é paralelo a ???ô?. Enquanto o primeiro é a essência do ser de Deus, o segundo é a manifestação Dele. Da mesma forma, podemos deduzir que, quando Sua presença enche o templo, é Sua glória que enche a Terra. Tal é o impacto da santidade do Senhor que Isaías se vê “perdido”, porque, segundo sua descrição, ele é impuro. É claro o contraste entre ele (impuro) e o Deus limpo ou puro (santo).

Aplicação para a vida

Para reflexão: Fama e esplendor são ótimos atrativos para muitas pessoas. O rei Uzias é um exemplo perfeito de alguém que cobiça ambos. Sua intrusão no templo pode ser vista como uma atitude audaciosa, mas suas ações são contra a vontade divina revelada. Seu comportamento é um insulto a Deus e uma blasfêmia ao Seu santo serviço. Ellen G. White afirma que “o pecado que produziu tão desastrosos resultados para Uzias foi o da presunção. Em violação de um claro mandamento de Jeová, segundo o qual ninguém, exceto os descendentes de Arão, devia oficiar como sacerdote, o rei entrou no santuário ‘para queimar incenso no altar’” (Profetas e Reis, p. 304).

1. Se você desempenha uma função de liderança em sua igreja, pense sobre tudo o que isso implica. Com que fidelidade você lida com as coisas sagradas do Senhor?
2. No tempo de Isaías, os reis nem sempre andaram na luz do Senhor. Isaías 1:23 descreve os governantes de Israel: “Os seus príncipes são rebeldes”. Lembre-se de que os seres humanos, mais cedo ou mais tarde, morrerão e desaparecerão. O Senhor que governa para sempre está sentado em Seu trono e está no controle. O que significa o fato de Deus ser soberano? Por que devemos confiar em Seu domínio?
3. No início de seu ministério profético, Isaías recebeu uma visão da santidade do Senhor. Uma experiência semelhante aconteceu quando Moisés foi chamado em Horebe (Êx 3:5, 6). Por que a santidade não é apenas a característica importante da essência do Senhor, mas também o selo de Sua obra e a marca de Seus mensageiros?