vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


AUXILIAR DA LIÇÃO 9

O sinal da aliança

Foco do estudo: Êxodo 31:16, 17

ESBOÇO

O sábado é muito mais do que mera porção de tempo; é uma promessa de um relacionamento rico e significativo com o Senhor. É um dia em que deixamos de lado tudo em nossa vida, exceto Deus, e reservamos um tempo para fortalecer nosso relacionamento com Ele.

COMENTÁRIO

O sábado só pode ser entendido se considerarmos sua gênese. O termo “descanso”, em Gênesis 2:3, deriva da forma verbal hebraica shabath (repousar, celebrar, cessar, parar o trabalho, terminar, descansar, estar completo, guardar o sábado, observar). Curiosamente, esse verbo está ligado à observância do shabbat semanal (sábado, descanso observado no sétimo dia). Leia Levítico 25:2 (ver Francis Brown, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon [Léxico Hebraico e Inglês de Brown-Driver-Briggs], p. 991, 992).

Origens

No começo, em Gênesis 2, Adão e Eva não precisavam de mandamentos fundamentados no pecado, pois não havia pecado. Por outro lado, “a lei de Deus existia antes da criação do homem, ou do contrário Adão não podia ter pecado” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 230).

Contudo, o exemplo influente do Pai de Adão em guardar o sábado foi mais do que um mandamento. Da perspectiva do Éden, um filho criado segue o exemplo de um Pai-Criador. Portanto, séculos antes da existência dos judeus, o sábado da criação se tornou um memorial incomparável no tempo, validando Cristo como Criador e Soberano cósmico (Mt 12:8; Mc 2:28; Jo 8:58).

Portanto, o shabbat (“sábado”) cumpre uma visão cosmológica, não apenas uma função teológica. Isso serve para explicar como Yahweh Se sentiu a respeito de Sua criação. Em essência, Yahweh imprimiu um selo divino nesse dia como um testamento imutável de Seu papel majestoso como Criador cósmico. Portanto, quando Yahweh descansou no sétimo dia, Ele o reservou para o cosmos.

“O sábado é a pausa que revigora. O padrão é seis dias e um dia. Seis dias de trabalho e um dia de descanso. [...] Yahweh, o Maestro da sinfonia cósmica, ordena Sua composição no compasso 6/7. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, descanse!” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection [Raízes Sabáticas: A Conexão Africana], p. 58).

“O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 145).

O sábado antes do Sinai

“Os missiologistas reconhecem uma consciência hebraica entre os povos africanos. [...] W. W. Oliphant, um líder religioso africano nos primeiros anos do século 20, diz que ‘o sábado na Etiópia [tem] sido guardado desde os dias de Ninrode, cerca de 2140 a.C. (leia Gn 10:8, 9), isto é, 700 anos antes do nascimento de Moisés. [...] Africanos ou os etíopes eram observadores do sábado desde os dias de Ninrode, filho de Cuxe’” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection, p. 26).

Sinal da aliança

“‘Certamente vocês guardarão os Meus sábados, pois é sinal entre Mim e vocês de geração em geração’ (Êx 31:13; compare com Ez 20:12). [...] A pessoa que guarda o sábado com o espírito correto, portanto, demonstra que ele ou ela está em um relacionamento com Deus.

“O sábado, como sinal, comunica ao crente, em primeiro lugar, o conhecimento de que o Senhor é o seu Deus da aliança. Também indica que o Senhor ‘santifica’ Seu povo (Lv 20:8; 21:8; 22:32; Ez 37:28). [...]

“O sábado funciona em outro sentido como um sinal. Serve como marca de separação, indicando para pessoas de outras religiões ou para pessoas que não o guardam que existe uma relação única entre Deus e Seu povo observador do sábado” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 86-88; leia Êx 32; Dt 5:15).

Sinal de santificação

O sábado da criação é de fato o santuário de Deus consagrado no tempo. Em outras palavras, “Yahweh, tendo colocado Seu melhor em Sua criação, declara que tudo é muito bom. Então, como habilidoso Artista que é, Deus toma a estrutura do tempo e faz a partir dela algo especial como o sábado, uma catedral no tempo, esculpida em horas e minutos que se estendem da fonte da eternidade. Um presente de Seu próprio coração.

“Deve-se observar que Deus fez o shabbat e não trouxe a humanidade a ele. Ele criou Adão e Eva e trouxe o sábado para eles” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection, p. 51; ver Ez 20:12, 20.)

Lembrando do sábado

“Israel conhecia os seus vizinhos tão bem que os profetas se sentiam desconfortáveis. [...] Não podemos fugir do fato de que ao redor da fogueira os anciãos narravam os dias da criação e, certamente, o dia para o qual todos os outros apontavam, o sábado. A ‘grande história’ fixava-se na psiquê coletiva dos povos primitivos. O conhecimento do sábado só poderia ser esquecido na rebelião contra o Deus que criou todas as coisas.

“É por isso que o mandamento do sábado começa com ‘Lembre-se’. O sábado sempre remete ao evento da criação (Êx 20:8-10).

“Se Yahweh nos ordena que nos lembremos do sábado, deve ter havido um tempo em que Ele ordenou sua observância. Na verdade, essa é a mensagem da experiência de Israel com o maná, que Yahweh enviava durante seis dias da semana, mas retinha no sétimo dia. Nesse caso, Ele não repetiu o mandamento porque, mesmo antes do Monte Sinai, eles o conheciam. [...] O fato de ‘Lembre-se’ estar junto à ordem indica que ela foi dada antes e não precisava ser constantemente reiterada” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection, p. 79, 80).

O verbo lembrar foi incluído porque precisamos “dizer ‘sim’ ao Senhor do sábado, colocando-nos à disposição Dele. Significa reconhecer as ações divinas em vez de confiar nas realizações próprias. Significa parar de se preocupar com os próprios desejos e começar a pensar nas necessidades das outras pessoas. [...] Significa esquecer o eu e os interesses egoístas a fim de, como Maria, honrar a Cristo como o convidado especial” (Samuele Bacchiocchi, Divine Rest for Human Restlessness: A Theological Study of the Good News of the Sabbath for Today [Descanso Divino para a Inquietação Humana: Um Estudo Teológico das Boas-novas do Sábado para Hoje]. Berrien Springs, MI: publicado pelo autor, 1988, p. 99).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

A lei de Deus diz que o sábado deve ser santificado e que não devemos trabalhar nele. Os hebreus levaram essa ordem muito a sério. Os fariseus e outros mestres da lei enfatizaram que “carregar um fardo” era considerado trabalho. Para evitar mal-entendidos, eles foram muito específicos sobre o que era um fardo. Um fardo era alimento equivalente em peso a um figo seco, vinho suficiente para misturar em uma taça, leite suficiente para um gole, mel suficiente para colocar sobre uma ferida, etc.

1. Com essas rígidas restrições, pode-se imaginar as muitas horas que as pessoas passavam discutindo sobre o que um vizinho deveria ou não ter feito no sábado. De que forma estamos presos a rotinas legalistas semelhantes? Quais são os perigos de ser legalista? Isso significa que devemos descartar os padrões da igreja que não são especificados na Bíblia? É possível harmonizar as normas da igreja com o pensamento da Bíblia? Explique.

2. Já foi dito que o ensino é falso se produz uma religião que consiste única ou principalmente na observância de coisas externas. É fácil confundir espiritualidade – o relacionamento com Cristo – com práticas religiosas? Quais são os perigos de se fazer isso? A Igreja Adventista do Sétimo Dia pode cair nessa armadilha?

3. Nos tempos antigos, a observância do sábado pelos judeus deu-lhes a reputação de preguiçosos. Com base na observância do sábado, você acha que as pessoas o consideram um cumpridor da lei ou alguém que ama a Deus? Qual é a diferença entre essas duas características? Suas práticas de guarda do sábado se concentram no que você pode e não pode fazer ou em fortalecer seu relacionamento com seu Salvador? Comente.

4. A nova aliança é um acordo entre Deus e você que se baseia em um relacionamento íntimo. O sábado é um tempo de qualidade que você passa com Deus. Obviamente, então, a guarda do sábado é importante para o relacionamento da aliança. Como podemos restaurar a santidade e a alegria do dia do Senhor tanto no estilo de vida individual quanto no coletivo?

5. A maioria dos religiosos, se pensar a respeito, admitirá que é desejável dedicar um dia da semana a Deus. Na verdade, alguns dirão que dedicam todos os dias a Deus. Qual é, entretanto, a evidência de que Deus está preocupado em honrarmos não qualquer dia, mas o dia que Ele santificou e separou especificamente para esse propósito?

6. Neste mundo, as pessoas dedicam uma grande quantidade de tempo e dinheiro para se divertir e fazer uma variedade de coisas que presumivelmente as ajudam a “relaxar”. Como o descanso de que devemos desfrutar no sábado pode ser diferenciado do entretenimento e diversão em grande parte egocêntricos?

7. Deus, como O entendemos, provavelmente não precisaria descansar por estar cansado no sentido que damos a essa palavra. No entanto, Gênesis nos diz que Deus descansou no sétimo dia. Por que Deus precisou se afastar de Seu trabalho e “descansar”?

8. A Bíblia diz (Êx 31:13) que o sábado deve ser um sinal do compromisso de Israel com Deus (e, podemos inferir, do nosso compromisso com o Senhor). É possível que o pudéssemos observar de forma a transmitir uma mensagem contrária à pretendida? De que modo? Como ter certeza de que nossa guarda do sábado representa os ideais divinos?

9. Como o sábado comunica a absoluta singularidade de Deus em comparação com outros deuses ou coisas que as pessoas podem considerar com adoração ou estima especial?

10. Usando o sábado como um indicador, verifique se você baseia suas crenças religiosas em rituais ou em um relacionamento com Jesus. Como as atividades de Jesus no sábado refletiram Seu relacionamento com o Pai? Que mudanças específicas você acha que precisa fazer em suas práticas de guarda do sábado?