vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021


Auxiliar da Lição 5
O nobre Príncipe da Paz

Foco do estudo: Isaías 9

Esboço

O teor da última parte de Isaías 8 é que Israel recusou a luz (Is 8:19-22). Andavam na escuridão a tal ponto de consultarem médiuns. Isaías 9 introduz o tema da luz em contraste com as trevas espirituais de Israel. Israel viu uma “grande luz” e “resplandeceu-lhes a luz” (Is 9:2). A luz nesse capítulo não é apenas uma referência à glória divina, que leva Seu povo a sair das trevas; essa expressão também pode ser entendida como uma referência ou símbolo do Messias vindouro. O Messias é descrito com diferentes títulos: “O Seu nome será: ‘Maravilhoso Conselheiro’, ‘Deus Forte’, ‘Pai da Eternidade’, ‘Príncipe da Paz’” (Is 9:6). Todos os nomes ou características do caráter do Messias são ampliados na Bíblia e no livro de Isaías em particular.

Os tópicos deste estudo são: (1) Das trevas para a luz, (2) O Messias como a luz do mundo e (3) O caráter do Messias.

Comentário

Das trevas para a luz

Os últimos versos de Isaías 8 descrevem os infortúnios e as experiências sombrias do povo de Judá: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão a luz do alvorecer. Passarão pela terra duramente oprimidos e famintos. [...] Olharão para a terra, e eis aí angústia, escuridão e sombras de ansiedade; e serão lançados em densas trevas” (Is 8:20-22). Assim, o povo de Deus andava nas trevas principalmente porque ignorava e rejeitava a Palavra profética divina. Eles se separaram da Luz. Ellen G. White declara: “Nos dias de Isaías, o entendimento espiritual da humanidade havia sido obscurecido por uma concepção errada a respeito de Deus. Durante muito tempo, Satanás procurara levar os seres humanos a ver seu Criador como o autor do pecado, do sofrimento e da morte. Aqueles que ele tinha conseguido enganar consideravam Deus como Alguém duro e exigente. Achavam que Ele estava sempre pronto para denunciar e condenar, e que não estava disposto a receber o pecador enquanto ainda existisse uma justificativa legal para não ajudá-lo. A lei de amor pela qual o Céu é regido havia sido falsamente apresentada pelo arquienganador como uma restrição imposta à felicidade dos seres humanos, um pesado jugo do qual deviam sentir-se alegres por se verem livres” (Profetas e Reis, p. 311).

Mas os dias sombrios seriam transformados em uma experiência gloriosamente brilhante e positiva. É exatamente isso que encontramos na primeira parte de Isaías 9 (v. 1-5). A Bíblia indica as promessas e a esperança que Deus deu ao Seu povo em meio à opressão. Portanto, o tema aqui se refere à libertação de Judá, que seria realizada por meio de uma grande luz. Isaías 9:2 descreve a cena futura: “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz”. O ato de restauração é anunciado, e a libertação do povo de Deus de seu opressor é acompanhada pelo brilho da presença divina. “Eles se alegram diante de Ti, como se alegram no tempo da colheita” (Is 9:3). Essa é também a linguagem de Isaías 60 quando Deus encorajou Seu povo que voltaria do exílio: “Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você” (Is 60:1). É possível que o Senhor intervenha em favor do Seu povo? Isaías afirma: “Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre eles, a vara que lhes feria os ombros e o cetro do seu opressor” (Is 9:4).

O Messias como a luz do mundo

Mateus faz alusão à profecia de Isaías. Ele diz: “Ao ouvir que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. E, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, na região de Zebulom e Naftali. Isso aconteceu para se cumprir o que tinha sido dito por meio do profeta Isaías” (Mt 4:12-14); então Mateus se refere a Isaías 9:1, 2. Aqui temos um autor bíblico aplicando um cumprimento messiânico à profecia de Isaías.

É ótimo para o leitor quando a própria Bíblia oferece a interpretação de um texto bíblico anterior; neste caso, Mateus interpreta Isaías, dando ao leitor segurança e confiança para abordar os versos 6 e 7 na profecia de Isaías 9. Além disso, Ellen G. White faz referência a esses versos e a outras profecias messiânicas de Isaías. Ela explica: “Nos últimos séculos da história de Israel antes do primeiro advento, entendia-se que a vinda do Messias tinha sido mencionada na seguinte profecia: ‘Para você, é muito pouco ser o meu servo para restaurar as tribos de Jacó e trazer de volta o remanescente de Israel. Farei também com que você seja uma luz para os gentios, para que você seja a minha salvação até os confins da Terra’” (Is 49:6; Profetas e Reis, p. 688).

O tema da iluminação em Isaías 9, evidenciado na “grande luz” (Is 9:2), juntamente com a promessa vista na expressão “um menino nos nasceu” (Is 9:6), aponta claramente para Cristo. Mateus registra os sábios do Oriente que chegam a Jerusalém perguntando: “Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a Sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. [...] E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se, O adoraram” (Mt 2:2, 10, 11). O Evangelho de João oferece uma rica descrição de Jesus em relação à luz: “A vida estava Nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas [...] a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina toda a humanidade” (Jo 1:4, 5, 9). Nesse contexto, claramente, Isaías 9:6, 7 é uma referência direta à vinda do Messias, que é “a luz do mundo” (Jo 8:12) e que traz paz, liberdade, justiça e retidão.

O caráter do Messias

Isaías 9:6, 7 é uma rica lista de atributos de caráter e uma descrição da realeza do Messias. O profeta afirma: “O Seu nome será: ‘Maravilhoso Conselheiro’, ‘Deus Forte’, ‘Pai da Eternidade’, ‘Príncipe da Paz’” (Is 9:6). O que se segue é um breve estudo dessa lista de características messiânicas.

O futuro rei messiânico seria “Maravilhoso”. Essa palavra aparece como um substantivo em Isaías 25:1 e 29:14, e a palavra hebraica da qual deriva indica “alguém que planeja um milagre, um milagreiro” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament [Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento], v. 3, p. 928). O mesmo termo é usado no cântico de Moisés: “Ó Senhor, quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas [??ê p_ele?]?” (Êx 15:11). Posteriormente, Isaías usaria a mesma expressão: “Ó SENHOR, Tu és o meu Deus [...] porque tens feito maravilhas” (Is 25:1). Em outras palavras, é uma referência aos atos maravilhosos e salvíficos do Deus Poderoso.

A outra referência ao Messias em Isaías 9 é Conselheiro. O termo hebraico yô?e? reflete a ideia de “alguém que sempre sabe o que fazer” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament [Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento], v. 2, p. 403). A expressão sugere um homem sábio, um conselheiro ou alguém que lidera adequadamente. É a ideia de Isaías 1:26: “Eu lhe darei juízes como você tinha antigamente, e conselheiros, como no princípio”.

Finalmente, examinamos a expressão “Deus Forte” (?el gibbôr). A expressão gibbôr está associada a poder e bravura na batalha. Uma tradução sugerida é “Deus, a força heroica”, ou “Deus, o herói” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament, v. 1, p. 172). Vemos essa ideia incorporada em Isaías 42:13: “O Senhor sairá como valente, despertará o Seu zelo como homem de guerra. Clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará Sua força contra os Seus inimigos.” John Oswalt comenta corretamente: “Onde quer que ??l gibbôr ocorra em outro lugar da Bíblia, não há dúvida de que o termo se refere a Deus” (The Book of Isaiah [O Livro de Isaías]: Capítulos 1–39, The New International Commentary on the Old Testament [O Novo Comentário Internacional sobre o Antigo Testamento], p. 247).

Aplicação para a vida

1. Os últimos versos de Isaías 8 afirmam que os conselhos de Deus ao povo são rejeitados porque a nação se volta para os conselhos dos médiuns, o que a leva às trevas espirituais. No entanto, a misericórdia divina promete libertar Seu povo e lhe dar um futuro melhor. O Senhor é o único que pode transformar trevas em luz. Compartilhe algum evento em sua vida em que uma circunstância sombria, por meio da providência e intervenção divina, tenha se tornado uma experiência iluminadora.

2. Em Isaías 2:5, Deus aconselha Seu povo: “Venham, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor”. Como você entende pessoalmente o conselho de Jesus em João 8:12: “Eu sou a luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”? O que significa ter “a luz da vida”?

3. Isaías 9:6 descreve muitos aspectos do Messias associados ao Seu reino eterno. O profeta escreveu: “Seu nome será: ‘Maravilhoso Conselheiro’, ‘Deus Forte’, ‘Pai da Eternidade’, ‘Príncipe da Paz’. Qual dessas características de Deus é mais importante para você e por quê?