vila rica

COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021


Auxiliar da Lição 3
Quando nosso mundo desmorona

Foco do estudo: Isaías 7:1-9

Esboço

Outro rei entra em cena em Isaías 7. Desta vez, o protagonista é o rei Acaz, neto de Uzias. Seu reinado levou a nação a cometer abominações realizadas pelas nações vizinhas. Quando os reis da Síria e Israel tramaram guerra contra sua nação, Acaz ficou tão dominado pelo medo que o Senhor enviou uma mensagem por meio do profeta Isaías, a fim de encorajá-lo a confiar Nele: os planos dessas nações não seriam bem-sucedidos. Mas Acaz precisava acreditar; caso contrário, ele não veria a libertação que Deus desejava dar a Israel. Este estudo está dividido em três seções, intituladas: (1) O desafio do rei Acaz, (2) O Senhor cuida do rei e (3) Contemple em silêncio.

Comentário

O desafio do rei Acaz

A Bíblia diz que Acaz não foi um bom rei. Ele “não fez o que era reto aos olhos do Senhor, seu Deus” (2Rs 16:2). O registro bíblico é explícito a respeito de sua atuação: “Andou no caminho dos reis de Israel e até queimou o seu filho como sacrifício, segundo as abominações dos gentios, que o Senhor havia expulsado de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou e queimou incenso nos lugares altos, nas colinas e debaixo de toda árvore frondosa” (2Rs 16:3, 4). Ele foi uma influência prejudicial para a nação de Judá. Como aconteceu em outros casos, quando os reis se afastavam do Senhor, surgiam problemas para eles e para a nação. Isso também é evidente na primeira seção do livro de Isaías: “Ai do ímpio! Tudo irá mal com ele” (Is 3:11). Ambos os registros, o livro de Isaías e o segundo livro dos Reis, afirmam que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém para guerrear contra o reino do Sul (Is 7:1; compare com 2Rs 16:5). Quando o rei Acaz percebeu a enormidade da ameaça que se apresentava diante dele e a possibilidade de um confronto militar com as nações vizinhas, “o coração de Acaz e o coração do seu povo ficaram agitados, como se agitam as árvores do bosque com o vento” (Is 7:2).

Às vezes, o próprio povo de Deus se esquece de que o Senhor espera fidelidade daqueles que entraram em um relacionamento de aliança com Ele. Assim, em Sua providência, Deus permite que circunstâncias difíceis sobrevenham a Seu povo como um meio de despertá-lo para a necessidade de buscar o Senhor e retornar à Sua luz. “Quando Ele Se levantar para encher a terra de espanto” (Is 2:19). “O Senhor Se levanta para apresentar a Sua causa; Ele Se apresenta para julgar os povos. O Senhor entra em juízo contra os anciãos do Seu povo e contra os seus líderes” (Is 3:13, 14). “Nesses versos, Isaías passa a acusar a liderança. Eles estão agindo de forma irresponsável e injusta, destruindo exatamente o que lhes foi confiado. O tema da liderança tola, especialmente anciãos e príncipes, repete-se ao longo do livro de Isaías (7:1-17; 14:4-21; 22:15-25; 28; 29; 32:3-8) e é nesse cenário que se destaca o anseio por aquele que reinará em justiça e retidão, bem como a promessa de Sua vinda” (John N. Oswalt, The Book of Isaiah [O Livro de Isaías], Cap. 1–39, The New International Commentary on the Old Testament [O Novo Comentário Internacional sobre o Antigo Testamento]. Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1996, p. 137). O medo paralisou o rei. Por mais terríveis que fossem as circunstâncias que enfrentava, a ameaça iminente constituía uma preciosa oportunidade de se voltar para o Senhor.

O Senhor cuida do rei

Em Isaías 7:3, o profeta descreve de forma interessante o cuidado divino. A narrativa não diz que o rei buscou o Senhor, mas que foi o Senhor quem tomou a iniciativa. O verso diz: “Então o Senhor disse a Isaías: – Vá, agora, com o seu filho Sear-Jasube [Um-Resto-Volverá] encontrar-se com Acaz”. O Senhor é retratado nesse capítulo como o Deus que sai, por meio do profeta, ao encontro de um homem medroso. O leitor pode ver uma atitude semelhante de Deus no Jardim do Éden, relatada em Gênesis 3, onde lemos sobre o próprio “Deus, que andava no jardim quando soprava o vento suave da tarde. [...] E o Senhor Deus chamou o homem e lhe perguntou: – Onde você está?” (v. 8, 9). Ambos, Adão e Acaz, embora por razões diferentes, têm um medo justificável.

Outro detalhe notável nesse episódio é que Isaías recebe instruções sobre onde poderia encontrar o rei. “Então o Senhor disse a Isaías: – Vá, agora, com o seu filho Sear-Jasube encontrar-se com Acaz, que está na outra extremidade do aqueduto do tanque superior, junto ao caminho do campo do Lavandeiro” (Is 7:3). Esse verso não apenas apresenta uma afirmação clara da presciência divina como também nos fala sobre a vigilância do Senhor em todos os passos da nossa jornada de vida como indivíduos. A Bíblia está cheia de histórias em que podemos ver como Deus envia Seus profetas para dar uma palavra de esperança, ou às vezes uma palavra de reprovação, a Seus amados servos. Sob qualquer circunstância, o propósito divino, no fim, é ajudar Seu povo a confiar Nele e ser fiel a Ele.

Contemple em silêncio

Em Isaías 7:2, vimos que o rei Acaz entrou em pânico ao vislumbrar a guerra iminente. A nação inteira tremeu com seu monarca. No entanto, qual foi a perspectiva divina sobre a situação? Em nossa perspectiva finita, às vezes falhamos em perceber o caráter divino. Pensamos que Ele está preocupado apenas com os assuntos espirituais da nossa vida. No entanto, a Bíblia nos mostra que nosso Senhor cuida de Seus filhos em todas as esferas, incluindo assuntos seculares ou questões aparentemente não relacionadas a aspectos espirituais.

“Do ponto de vista de Acaz, Síria e Efraim constituíam uma grande ameaça, mas do ponto de vista de Deus eles eram insignificantes e não precisavam ocupar o tempo do rei. Nem sempre é fácil obter a perspectiva divina. No entanto, a menos que a procuremos, sempre corremos o risco de prestar muita atenção ao que é passageiro e dar pouca atenção ao que realmente importa. Além disso, se não buscarmos de forma diligente obter a perspectiva divina em todas as circunstâncias, concluiremos com muita facilidade que Deus está preocupado apenas com assuntos espirituais e não com assuntos práticos, uma falácia leva finalmente à perda de Deus em todos os assuntos” (John N. Oswalt, The Book of Isaiah [O Livro de Isaías], Cap. 1–39, The New International Commentary on the Old Testament [O Novo Comentário Internacional sobre o Antigo Testamento]. Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1996, p. 196).

Em Isaías 7:4, Deus instruiu Seu profeta a se comunicar com o rei e dizer a ele “o seguinte: ‘Tenha cuidado e fique calmo. Não tenha medo nem fique desanimado por causa desses dois tocos de lenha fumegante, por causa do furor da ira de Rezim e da Síria, e do filho de Remalias”. Às vezes, perguntamos como podemos lidar com a vida em meio a circunstâncias indesejadas. A Bíblia diz: “Tenha cuidado e fique calmo”. Outras versões dizem: “Diga ao rei que fique alerta, mas que não perca a calma (NTLH) e “Tenha cuidado, acalme-se e não tenha medo” (NVI). Na língua hebraica, a frase “Acautela-te e aquieta-te” (ARA) consiste em duas palavras, hišš?mer w?hašqe?. A primeira palavra vem da raiz verbal šmr, que, neste caso, poderia ser traduzida como “estar em guarda, estar atento, tomar cuidado” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament [Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento], v. 4, p. 1584).

Parece que o conselho implícito do Senhor ao rei foi que se afastasse de todo barulho ou atividade que calasse a voz de Deus e permanecesse em alerta. A outra palavra na frase hebraica é šq?, que, devido à sua forma verbal, é melhor traduzida como um verbo reflexivo “manter-se em paz... manter-se quieto” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament [Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento], v. 4, p. 1641) ou “mostrar quietude” (David J. A. Clines, ed., The Dictionary of Classical Hebrew [Dicionário de Hebraico Clássico]. Sheffield, Inglaterra: Sheffield Phoenix Press, 2011, v. 8, p. 550). Em suma, uma tradução sugerida para hišš?mer w?hašqe? poderia ser “ficar em silêncio”.

As exortações e promessas do verso 4 até o fim da seção (Is 7:9) oferecem motivos suficientes para confiar nas promessas do Senhor. Primeiro, Deus ordena ao rei que “não tenha medo. Que o seu coração não se desanime por causa do furor destes restos de lenha fumegante” (Is 7:4). Assim, Rezim e Peca, os reis da coalizão siro-efraimita, poderiam fazer um pouco de fumaça; mas esse fogo seria insignificante. Segundo, Deus revelou que, embora fosse verdade que a coalizão tinha tramado a ruína de Acaz (Is 7:5), não seria assim, isso não aconteceria (Is 7:7). E Deus enfatizou que ele precisava crer, pois se eles não ficassem firmes na fé, com certeza não resistiriam (Is 7:9). George B. Gray comenta adequadamente esta seção, apontando que “Isaías condena duas coisas em Acaz: seu medo, pois é desnecessário; e sua fé em recursos materiais – aqui tipificada por um abastecimento de água seguro em tempo de sítio; a única fé que garantirá a verdadeira solidez do estado é a fé no Senhor” (George B. Gray, A Critical and Exegetical Commentary on the Book of Isaiah [Comentário Crítico e Exegético sobre o Livro de Isaías] I-XXVII, The International Critical Commentary [Comentário Crítico Internacional]. Edinburgh: T. & T. Clark, 1975, v. 1, p. 118).

Em algumas circunstâncias, o mais importante não é o que acontece externamente, nem o que nossa visão pode contemplar, mas o que acontece em nossa vida interior. Portanto, devemos orar e cultivar a capacidade de entender sob a perspectiva de Deus o que está acontecendo ao nosso redor.

Aplicação para a vida

1. O rei Acaz, junto com seu povo, enfrentou sérios desafios ao avaliar o risco de guerra com a aliança siro-efraimita. Às vezes, a vida nos coloca em situações que nos ameaçam. Que passos importantes e práticos são necessários para melhor lidar com essas circunstâncias?

2. Na segunda parte, o estudo explora o cuidado particular de Deus em atender às necessidades do rei Acaz. O Senhor enviou Seu mensageiro para encontrar o rei “junto ao caminho do campo do Lavandeiro” (Is 7:3). Que lições podemos aprender com esse episódio?

3. Na terceira seção, aprendemos como Deus encoraja o rei a confiar não nas coisas materiais, mas em Sua ajuda. Suas palavras ao rei são “contemple em silêncio”. Isso é compatível com o conselho de Ellen G. White a seguir?

“Talvez seus negócios lhe causem preocupações e suas perspectivas sejam cada vez mais negativas. Pode ser que você esteja à beira da falência. Não desanime; entregue a Deus suas preocupações e permaneça calmo e alegre. Ore pedindo sabedoria para administrar seus negócios de maneira prudente e, assim, evitar o prejuízo e o desastre. Faça tudo o que estiver ao seu alcance para produzir resultados favoráveis. Jesus promete Seu auxílio, mas não dispensa nossos esforços. Quando houver feito o melhor possível – e depois de entregar suas preocupações a Deus –, aceite de bom grado os resultados” (Caminho a Cristo, p. 122).