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COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2020


Resumo da Lição 2
Origem e natureza da Bíblia

ESBOÇO

Nosso entendimento da origem e natureza das Escrituras influencia significativamente a maneira pela qual lemos e tratamos a Bíblia. Se fosse um livro escrito como qualquer outro elaborado por seres humanos falíveis, não poderíamos confiar nele. Sob tais circunstâncias, certamente não teria autoridade divina. Para sermos justos, precisamos permitir que os escritores da própria Bíblia a definam e expliquem o que pensam sobre seus escritos e, assim, deixar que a Palavra de Deus determine os parâmetros básicos de como devemos considerá-la. Os escritores bíblicos afirmam que sua mensagem não provém de mente humana, mas que ela é divinamente revelada e seu conteúdo inspirado por Deus.

Entender o processo de revelação e inspiração é crucial para a nossa maneira de abordar a Palavra divina. Visto que o Senhor usa o meio da linguagem para Se comunicar com os seres humanos, a revelação divina pode ser escrita. O Espírito Santo permite que os escritores da Bíblia se comprometam a escrever fielmente o que Ele lhes revelou. Essa inspiração divina confere à Bíblia autoridade dos Céus e garante a unidade que encontramos desde o Gênesis até o livro do Apocalipse. Embora escrita por seres humanos, ela é, no entanto, a Palavra escrita de Deus. Nessa dimensão divino-humana há um certo paralelo entre Jesus Cristo, a Palavra de Deus, que Se tornou carne, e a Palavra escrita de Deus, a Bíblia. Somente pela fé é que podemos compreender e apreciar essa realidade.

Comentário

Imagine um livro puramente humano, escrito por vários autores diferentes durante um período de centenas de anos. Imagine que esses diversos autores falassem em seus escritos sobre Deus e sua experiência religiosa. Suas diferentes perspectivas dariam aos seus escritos pouca autoridade além de suas opiniões pessoais, e carregariam apenas alguma autoridade humana, quando muito. Mas a Bíblia não é assim. Ela mesma alega que Seu autor é Deus. Ele Se comunicou por meio do Espírito Santo com os escritores bíblicos, transmitindo-lhes o conteúdo que considera importante que nós conheçamos. O Deus bíblico fala. Ele criou seres humanos com a capacidade de falar e entender informações verbais. Portanto, usa a linguagem para Se comunicar com a humanidade. Essas mensagens divinas não são dadas em linguagem celestial que apenas os anjos entendem, mas são transmitidas na própria linguagem dos escritores da Bíblia. Elas também são comunicadas para fins práticos, a fim de que o povo de Deus “seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:17). Portanto, de maneira coletiva os livros bíblicos são apropriadamente chamados de “Escrituras Sagradas” (Rm 1:2; 2Tm 3:15).

Assim, a autoridade da Bíblia é uma representação da autoridade de Deus, que fala na Palavra e por meio dela. Para que ela desempenhe o papel divinamente pretendido na vida das pessoas e da igreja, deve-se levar a sério sua reivindicação de origem divina. Isso também significa que devemos ouvir todas as Escrituras. Se excluirmos algumas partes delas por considerá-las não inspiradas e, portanto, meramente humanas, não teremos mais do que uma autoridade seletiva da Bíblia. Em vez de nos posicionarmos acima das Escrituras e julgarmos seu conteúdo, devemos nos colocar sob a Palavra, permitindo assim que as Escrituras nos julguem.

Em 1 Tessalonicenses 2:13, aprendemos algo importante sobre a atitude com que os crentes em Tessalônica receberam a palavra de Deus. Leia essa passagem e reflita sobre como isso aconteceu. Com base no exemplo dos tessalonicenses, de que maneira devemos receber a mensagem bíblica quando a lemos ou a ouvimos?

Escritura

Vemos a revelação mais elevada e mais explícita de Deus na encarnação de Seu Filho Jesus Cristo. Além disso, a forma mais eficaz e amplamente usada de revelação divina é a fala do Senhor. Na Bíblia, encontramos repetidas referências ao Deus que fala. Sua Palavra é dada aos porta-vozes, os profetas. As numerosas ocorrências de expressões como “Palavra do Senhor”, “Assim diz o Senhor” e “Palavra que o Senhor falou” testemunham desse fato. Esse discurso divino produz a Palavra do Senhor e, finalmente, leva à sua incorporação em um documento escrito. O ato de anotar a Palavra de Deus também é resultado da iniciativa divina (ver Êx 17:14; Êx 24:4; Js 24:26, etc.).

Qual é o propósito da revelação escrita de Deus? É um ponto de referência constante para o Seu povo, pois lhe permite ouvi-Lo continuamente de modo inalterado, e cuidar para fazer o que ela diz (ver Dt 30:9, 10). Um documento escrito pode ser preservado melhor e com mais confiabilidade do que uma mensagem oral. Um texto escrito pode ter maior duração do que a palavra falada. Um documento escrito pode ser copiado e multiplicado e, assim, disponibilizado a muito mais pessoas em muitos locais diferentes do que qualquer mensagem oral poderia ser. Também está disponível ao longo do tempo e pode ser uma bênção para leitores e ouvintes de muitas gerações posteriores. Como registro escrito permanente, continua sendo um padrão para a veracidade da mensagem bíblica através dos séculos.

Embora seja verdade que Deus inspirou os escritores bíblicos, não saberíamos nada sobre essa inspiração se não tivesse sido comunicada mediante palavras, isto é, na linguagem humana. Somente palavras nos dão acesso a pensamentos. Portanto, o processo de inspiração abrange os pensamentos, bem como o produto final deles: as palavras das Escrituras. “Se devemos atribuir a inspiração aos escritores inspirados ou às Escrituras por eles escritas é em grande parte um dilema desnecessário. É claro que o locus primário da inspiração está nas pessoas. O Espírito Santo moveu-se sobre as pessoas para que elas falassem ou escrevessem; contudo, o que elas falaram ou escreveram foi a inspirada palavra de Deus” (Peter M. van Bemmelen,“Revelação e Inspiração”, em Raul Dederen, ed., Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia. Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000, p. 45). Assim, o apóstolo Paulo escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3:16, grifo nosso).

Ilustração

Existe um paralelo interessante entre a Palavra de Deus que se tornou carne (Jesus Cristo) e a Palavra escrita de Deus (a Bíblia). Assim como Jesus foi concebido de forma sobrenatural pelo Espírito Santo, embora nascido neste mundo por meio de uma mulher, a Bíblia tem o Espírito Santo como seu Autor, embora tenha sido escrita por seres humanos.

Jesus Cristo Se tornou carne em um momento e local específicos (ou seja, nasceu em Belém, não em Nova York, Tóquio ou Nairóbi; Ele foi batizado no rio Jordão, não no Mississippi, no Nilo ou no Ganges). No entanto, essa particularidade não anulou Sua divindade, nem O limitou a um determinado momento historicamente. Ele é o único Redentor de todas as pessoas, em todo o mundo, o tempo todo. De maneira semelhante, os livros bíblicos foram dados em um momento específico e em uma cultura específica. Mas, como no caso de Jesus, essa transmissão não torna a Bíblia puramente condicionada ao tempo ou relativa. A Bíblia é a Palavra de Deus para todas as pessoas, em todo o mundo, até o fim dos tempos.

Jesus Se tornou humano e viveu como um ser humano real, com todas as marcas de debilidades humanas. No entanto, Ele era sem pecado. De igual modo, a linguagem bíblica é a linguagem humana com todas as suas limitações, não uma linguagem celestial perfeita. No entanto, o que a Bíblia afirma é confiável, não enganoso!

Quando Jesus viveu aqui, Ele queria ser aceito por quem Ele realmente era: o divino Filho de Deus. O Criador também não quer que a Bíblia seja lida como apenas mais um livro, mas que seja aceita pelo que realmente é: a Palavra escrita do Senhor. Como tal, ela carrega uma autoridade inata que vai além de qualquer sabedoria humana, o que a qualifica como o único padrão de Deus para toda doutrina e experiência religiosa.

Obviamente, Jesus Cristo e a Bíblia não são idênticos. Existem diferenças significativas. A Bíblia não é uma encarnação de Deus. O Altíssimo não Se tornou um livro. Nós não adoramos um livro, adoramos o Salvador que é proclamado na Bíblia, mas sem ela não saberíamos muito sobre Jesus. A Bíblia sem Jesus estaria sem sua mensagem mais importante. Porém, sem a Palavra não saberíamos que Ele é o Messias prometido, e não poderíamos aceitá-Lo como Salvador. Estaríamos perdidos. Portanto, ela é fundamental e indispensável à nossa fé.

Escritura

As Escrituras são fundamentais para nossa crença, e precisamos considerar a Bíblia com fé, a fim de fazer justiça à sua natureza divina. Em Hebreus 11:6, lemos que “sem fé é impossível agradar a Deus”. A mensagem de mudança de vida nela contida não é discernida adequadamente a uma distância crítica, mas deve ser aceita com fé e obedecida com amor.

Aplicação para a vida

Saber que a Bíblia possui autoridade divina nos motiva a tratá-la com respeito e amor. Não falamos com irreverência a respeito do que amamos. A maneira como falamos sobre esse livro deve revelar nosso profundo apreço pela palavra de Deus. Essa consideração se tornará evidente não apenas no nosso modo de carregar e segurar a Bíblia, porém, mais importante, na forma como seguimos e implementamos seus ensinamentos. Nossa atitude será de gratidão e fidelidade. Ser fiel à Palavra escrita de Deus não é venerar um livro. É antes uma expressão do nosso amor pelo Deus triúno sobre quem esse livro fala. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos” (1Jo 5:3). A Bíblia nos familiariza com o Deus vivo e nos ajuda a nos tornar mais semelhantes a Jesus.

Como seria uma atitude de gratidão e fidelidade às Escrituras? Como a autoridade das Escrituras difere da de outra literatura? Em que sentido você é tentado a não seguir a Bíblia devido a experiências e sentimentos pessoais que o levam a uma direção diferente? Como você pode adquirir confiança?

Ser fiel às Escrituras não é o mesmo que ser fiel às minhas ideias favoritas sobre a Bíblia. No último caso, eu seria fiel apenas a mim mesmo. A fidelidade às Escrituras exige abertura para permitir que a Bíblia modele e transforme meus pensamentos e ações.