Leia: O ANO BÍBLICO com a bíblia NVI e a Meditação Matinal - Maranata, O Senhor Vem! - Ellen G.White

LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA - SEGUNDO TRIMESTRE DE 2019

Lição 4: 20 a 26 de abril

Como lidar com a solidão

Autor: Moisés Mattos

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução: Em certa ocasião ouvi um médico contando o seguinte fato: Numa clínica que tratava a dor, na entrevista de cinco pacientes novos, o coordenador explicou que precisava avaliar o nível de sofrimento do grupo, e pediu que cada um classificasse sua dor, de 1 a 10, sendo 10 a maior dor imaginável. O primeiro não deixou por menos: cravou um 10 com convicção. O segundo assumiu a mesma categoria, talvez temendo merecer menos atenção. O terceiro paciente, com a imagem da dor estampada em seu rosto, afirmou que na sua escala de sofrimento, 7 ficaria bem. O quarto, impressionado com o martírio dos seus pares, admitiu que 9 seria provavelmente mais justo.

O último paciente, um pouco envergonhado, mencionou que sua classificação era 1. Quando o médico questionou a presença dele na clínica, já que ele não devia sentir dor, ele afirmou: “Tenho uma doença como todos aqui, e como todos aqui, também vou morrer. Acontece que não tenho ninguém para cuidar de mim. Eu sei que isso não tem classificação alta, mas podem acreditar que esta solidão é a pior dor”.

I – Solidão, uma realidade do ser humano

Embora não seja considerada exatamente uma doença, a solidão é a grande enfermidade da sociedade contemporânea. A vida moderna e a fantástica capacidade de interação instantânea contribuem para a falsa sensação de que não estamos sozinhos. Porém, quando uma circunstância especial como a doença restringe nossa capacidade de comunicação, percebemos que a ilha de fraternidade que construímos com milhões de mensagens e torpedos afetuosos pode ser pura fantasia. Sentir-se só no meio da multidão é a aflição que atinge o ser humano.

Alguém já disse que a maior tragédia do homem ocorre quando algo morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo.

A solidão é a enfermidade das grandes cidades, onde encontramos muitas pessoas sozinhas. Nossa igreja tem um significativo crescimento de pessoas solitárias: solteiras, viúvas, divorciadas, as quais refletem a realidade do mundo que nos rodeia, em que as pessoas estão buscando a solução para seus problemas. Nesta semana analisamos algumas situações que podem gerar solidão, ao mesmo tempo em que descobrimos na Bíblia a ajuda para enfrentar essa realidade.

II – Situações que podem gerar solidão

a) Vida de solteiro

Nem todas as pessoas se casam e isso não é defeito nem falha de caráter. Embora em Gênesis Deus tenha declarado que não é bom que o “homem esteja só”, ninguém é condenado por estar sozinho. O texto bíblico nos informa sobre pessoas sozinhas. Entre elas esteve Jesus, Paulo, Jeremias e outros. No entanto, essas pessoas precisam encontrar seu caminho entendendo os planos de Deus para elas. O apóstolo Paulo refletiu esse princípio quando disse: “Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância (Fp 4:11´, NVI).

"Se consagrarmos a vida a serviço de Deus, nunca chegaremos a situações para as quais Ele não haja feito provisão. Qualquer que seja nossa situação, temos um Guia para nos dirigir no caminho; quaisquer que sejam nossas perplexidades, temos um Conselheiro infalível; quaisquer que sejam nossas aflições, privações ou solidão, temos um Amigo compassivo” (Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 173).

b) Pessoas divorciadas

A Bíblia diz que Deus odeia o divórcio (Ml 2:16). Seus planos para Seu povo sempre foram de um casamento indissolúvel. Porém, o pecado trouxe desordem e caos também ao casamento. Incompatibilidades, infidelidades e outros entraves geram separações e divórcios, mesmo entre os membros da igreja. Um olhar empírico nos permite dizer que esse grupo de pessoas tem crescido na igreja. E embora esse seja um problema real precisamos amar essas pessoas e envolvê-las na igreja dentro dos padrões que regem nossa denominação. Como bem exposto no Manual da Igreja, p. 167: "Quando o casamento está em perigo de fracassar, todo esforço deve ser feito pelos cônjuges e por aqueles na igreja ou na família que ministram em seu favor no sentido de trazê-los à reconciliação, em harmonia com os princípios divinos para restaurar relacionamentos feridos (Os 3:1-3; 1Co 7:10, 11; 13:4-7; Gl 6:1).”

Na mesma página, o Manual prossegue: “Recursos que podem ser úteis para auxiliar os membros no desenvolvimento de um lar cristão forte estão disponíveis na igreja local ou em outras organizações da igreja. Esses recursos incluem: (1) programas de orientação para pessoas comprometidas que estão se preparando para o casamento. (2) programas de instrução para casais com suas respectivas famílias e (3) programas de apoio às famílias dilaceradas e pessoas divorciadas”.

c) Perda de entes queridos

Desafortunadamente, o fim da existência nesta Terra chega para os crentes filhos de Deus com a mesma certeza com que atinge os ímpios e os que não creem. Então, perguntará alguém bem intencionado, qual é a vantagem de crer? É precisamente aí que reside a diferença. Sendo crentes, temos algo mais que os ímpios não têm: a esperança da vida eterna. E não é uma esperança sem fundamento nem algo apoiado em sonhos e devaneios. O plano de Deus tem se cumprido desde que o pecado e a morte se instalaram aqui, quando a humanidade foi vitimada. Primeiro, Deus providenciou um sistema de sacrifícios para que os pecados do povo fossem pagos de modo representativo, de modo que, por meio da fé, as pessoas vislumbrassem um mundo sem pecado. Depois, o Senhor enviou o verdadeiro sacrifício, seu Filho Jesus, que veio, viveu sem pecado, morreu em nosso lugar e ressuscitou. Venceu o pecado, o mal e a morte, e garantiu acesso à eternidade. Mas agora Ele está no Céu concluindo Sua obra de intercessão e de juízo, e Se prepara para buscar Seus filhos vivos (que serão transformados) e os filhos que morreram, os quais serão ressuscitados (1Ts 4:15-18).

Existem muitos conselhos para quem quer ajudar um enlutado, mas poderíamos resumir em 3 pontos:

1) Respeite o sofrimento alheio. As pessoas sofrem nessas horas e cada um tem suas particularidades. Homens e mulheres reagem diferentemente nessas horas. Algumas pessoas têm uma dor que parece passar mais rapidamente, enquanto outras demoram mais tempo e isso acontece de forma intermitente.

2) Tente evitar conselhos batidos ou frases biblicamente erradas. Alguns dizem ao enlutado frases que não ajudam quase nada e algumas contém até erros teológicos: “O tempo cura tudo”, “Ele está com Deus agora”, "Deus quis assim”.

3) Seja e esteja presente. Nessas horas, muitas vezes as palavras falham, mas a presença vale muito.

d) Espiritualmente solteiro (a)

Muitas pessoas são batizadas na igreja e o cônjuge não. Por vezes, essas pessoas sentem solidão ocasionada pela própria rejeição à religião por parte do companheiro(a). Esses são o que podemos intitular de “espiritualmente solteiros”. A Bíblia não proíbe uma pessoa assim de continuar casada com um descrente e, inclusive, incentiva a parte crente a ser fiel e dar bom testemunho para que o cônjuge seja salvo pelo seu exemplo (1Co 7:12-14).

Mas a igreja deve, como em outros casos, estar atenta a essas pessoas e ajudá-las. Não podemos esquecer que a Palavra de Deus nos incentiva a granjear amigos que são “mais do que irmãos”. A Bíblia não concebe as relações de forma egoística e centralizada no próprio ego, como se vê muito em nossa sociedade. Ao contrário, a Palavra de Deus nos incentiva ao amor e à doação ao próximo. Isso tira de nós o espaço para o egoísmo ou egocentrismo de tal forma que o bem do outro é mais importante. Com isso, nós mesmos somos beneficiados.

Conclusão

A solidão é uma realidade hoje, e toda pessoa solitária sofre, porque o ser humano não foi feito para viver sozinho. O próprio Jesus, embora tendo sido solteiro, não foi um solitário. Nós lemos sobre Jesus em meio às pessoas participando da vida delas de forma impressionante na saúde, na doença, na tristeza, na alegria, na vida ou na morte. E o impressionante é que Jesus sempre trabalhava para retirar as pessoas da solidão e da inutilidade. Sua promessa ainda é: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11:28, NVI). Com um amigo assim ninguém precisa sentir a dor da solidão!

Que nossa oração seja o do poema abaixo, de autoria de Gióia Junior:

Fica, Senhor, Comigo!

Fica, Senhor, comigo, a noite é vasta e fria.

Segura a minha mão até que chegue o dia.

Em Tua companhia é claro o meu caminho,

e eu não quero ficar para sempre sozinho.

Não fosse o Teu cuidado e eu, por certo, estaria

abatido e infeliz, numa senda de espinho.

Fica, Senhor, comigo!

O coração da gente é fraco e pequenino

e bate fortemente ao ruído menor dos prenúncios fatais,

de procelas cruéis e rudes temporais...

Dá que eu possa sentir, Senhor, eternamente,

amparando meu ser, Teus braços paternais.

Fica, Senhor, comigo! A mocidade passa

como a leve espiral escura de fumaça,

e a solidão do velho é triste, sem alento,

e plena de incerteza e mau pressentimento.

Ao teu lado eu terei consolo na desgraça,

conforto na miséria e paz no sofrimento.

Fica, Senhor, comigo! os meus olhos sem luz

querem também Te ver na Estrada de Emaús

da minha vida, pois, só Tu és meu abrigo,

meu Amigo melhor, meu verdadeiro Amigo.

Por isso é que Te peço:

Ó bendito Jesus, eu não quero estar só.

Fica, Senhor, comigo!

Conheça o autor do comentário: O Pastor Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu seu mestrado na mesma área no ano 2000 pelo Seminário Adventista Latino Americano de Teologia. Cursou também uma pós-graduação em Gestão Empresarial. Serve à Igreja Adventista há 29 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente, exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste-UCB. Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, é pai de Thamires (Jornalista) e Lucas (estudante de Publicidade e Propaganda).