Leia: O ANO BÍBLICO com a bíblia NVI e a Meditação Matinal - Maranata, O Senhor Vem! - Ellen G.White

LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA - PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2019

Lição 6: 2 a 9 de fevereiro

“O povo de Deus selado”

Autor: Érico Tadeu Xavier

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

A obra de selamento dos crentes no tempo do tempo é relatada depois da descrição da segunda vinda de Jesus (Ap 6:12-17). Mas o selo de Deus não é dado depois do segundo advento de Cristo. A razão para essa sequência nessa parte do Apocalipse é simplesmente que o capítulo 6:17 faz uma pergunta importante: "Quem poderá subsistir?" A resposta a essa pergunta é que aqueles que forem selados antes do segundo advento poderão subsistir ou ficar de pé quando Jesus vier. Apocalipse 7:1-8 responde a pergunta de Apocalipse 6:17.

1. Os 144 mil selados – Ap 7:1-8 e Ap 14:1-5

O selo – O selode Deus é o nome de Cristo "e o nome de Seu Pai" escritos na fronte (Ap 14:1). No Antigo Testamento a palavra hebraica shem ('nome') às vezes é usada com o significado de caráter (ver Jeremias 14:7 e 21), e quase pode ser sinônimo da própria pessoa (ver Sl 18:49). "O selo do Deus vivo só será colocado sobre os que possuem semelhança de caráter com Cristo” (Comentários de Ellen White no Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 1083). O selo não é algum "sinal que possa ser visto, mas a consolidação na verdade, tanto intelectual como espiritual, de modo que não possa ser abalado" (Comentários de Ellen White no Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 1280). O sábado é o sinal externo do selo de Deus. (Ver O Grande Conflito, p. 605, e Lição da Escola Sabatina do segundo trimestre de 2018: Preparação para o tempo do fim).

Santos vivos – “Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como 'as primícias para Deus e para o Cordeiro' (Ap 14:1-5; Ap 15:3. 'Estes são os que vieram de grande tribulação' (Ap 7:14); passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus. Mas foram livres, pois 'lavaram os seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro'" (O Grande Conflito, p. 649).

Não se macularam com mulheres – Os 144 mil resistiram às investidas de "Jezabel" e suas filhas (Ap 2:20-23). Ou seja, eles não se deixaram atrair pela grande meretriz – Babilônia e suas filhas (Ap 17:1-6). São espiritualmente "sem mancha" porque rejeitaram a contrafação de Satanás.

O número 144.000 – As Escrituras ensinam que os 144 mil provêm das doze tribos de Israel. O número 144 mil representa inteireza e perfeição, e constitui o resultado da multiplicação de 12 por 12 e então por 1000. Seria um erro deduzir que João estivesse pensando em termos literais. A menção dos 144 mil está contida numa profecia muito simbólica. Apocalipse 7 usa tais símbolos como "quatro anjos", "quatro cantos", "quatro ventos", "Oriente", "o selo" na fronte dos que constituem o povo de Deus. Interpretar literalmente esses símbolos seria omitir o ponto principal da passagem. O simbolismo tem um importante significado para os cristãos dos últimos dias.

2. A grande multidão – Ap 7:9-17

O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (v. 7, p. 868) apresenta três possíveis pontos de vista sobre a grande multidão: o primeiro argumenta que os 144 mil e a “grande multidão” (Ap 7:9) descrevem o mesmo grupo. O segundo ponto de vista enfatiza as diferenças entre os 144 mil e a “grande multidão”. A terceira perspectiva identifica a “grande multidão” com todo o grupo de remidos, que inclui os 144 mil.

Existe muita especulação sobre a identidade dos 144 mil e a grande multidão de Apocalipse 7. Embora os adventistas tenham geralmente separado os 144 mil da grande multidão, há argumentos a favor da crença de que eles sejam um mesmo grupo. Entre eles, 1. O fato de que o capítulo 7 do Apocalipse é uma resposta à pergunta de Apocalipse 6:17: “Chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” O capítulo 7 responde a essa pergunta mostrando o grupo que poderá suster-se no tempo do fim e no momento da volta de Jesus. 2. Há um padrão no Apocalipse em que o profeta ouve uma parte da revelação e depois vê uma cena relacionada ao que ele havia ouvido. “Essa construção esquemática é paralela à de Apocalipse 1:12 e 13, na qual João ouve uma voz lhe dizendo para escrever o que ele está vendo e, em seguida, vê a Cristo. A visão esclarece o conteúdo audível. Em Apocalipse 5, Cristo é anunciado como um leão (v. 5), antes de ser visto como um cordeiro (v. 6). Em 9:16 e 17, João ouve o número de cavaleiros e então vê os cavalos. A mesma sequência de ouvir antes de ver também está presente em 6:2, 5 e 8. A sequência contrária é encontrada em Apocalipse 21, quando João vê a Nova Jerusalém (v. 2) e depois ouve uma explicação (v. 3). Independentemente da ordem, a mesma entidade se faz presente em todos os casos” (Richard P. Lehmann, em A Teologia do Remanescente, Casa Publicadora Brasileira, capítulo 5; Ver Estudos sobre Apocalipse, Unaspress, p. 282).

É importante enfatizar que não temos uma posição oficial sobre a interpretação de cada ponto das profecias do Apocalipse. Por isso, temos diferenças de opinião em alguns desses pontos. Mas isso não deve impedir que respeitemos as pessoas que adotam visões diferentes das nossas em pontos específicos que não estejam claramente definidos pela Revelação e pelas doutrinas da Igreja. Ao contrário, devemos nos manter unidos na diversidade, tendo em comum os principais pontos de fé, que nos levam a viver unidos ao Cordeiro de Deus. O objetivo mais importante da nossa caminhada cristã é seguirmos o Cordeiro de maneira unida, para que um dia estejamos diante Dele, salvos para a eternidade. E, embora devamos nos esforçar ao máximo para entender a Revelação, somente na eternidade poderemos esclarecer todos os pormenores dos mistérios proféticos. Isso deve nos tornar humildes para aceitar a limitação do nosso conhecimento e determinados a seguir toda a luz que Deus já nos ofereceu.

Uma visão panorâmica da grande multidão de Apocalipse 7:9 a 17

VERSOS   

DESCRIÇÃO

SIGNIFICADO

9

Grande multidão de todas as nações

Os remidos de todas as nações

9

Em pé diante do trono

Na presença de Deus no santuário celestial

9 e 14

Vestiduras brancas lavadas no sangue do Cordeiro

Revestidos da justiça de Cristo

9

Com folhas de palmeira nas mãos

Símbolo de regozijo e vitória

10 e 12

Louvam a Deus e ao Cordeiro para sempre

Louvar a Deus “para sempre” não será suficiente

para retribuir a Deus pela salvação

que Ele proveu!

14

Vieram da grande tribulação

Perseguição no tempo de angústia, no tempo do fim.

15

Servem a Deus de dia e de noite no Seu templo

Não há noite na presença de Deus, nem algum período

em que Ele não seja louvado

15

Deus habita entre eles

Nunca mais estarão sem a Sua presença

15

Nunca mais terão fome, nem sede

(Ver Isaías 49:10)

16

Não cairá sobre eles o Sol, nem ardor algum

(Ver Isaías 49:10)

17

O Cordeiro os apascentará e os guiará

(Ver Isaías 40:11; 49:10); o Cordeiro será o Pastor

17

Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima

Não haverá motivo para lágrimas (ver Ap 21:4)

Em Apocalipse 7:13 e 14, o ancião diz três coisas a respeito dos fiéis:

1ª. Eles vêm da grande tribulação;

2ª. Lavaram suas vestes sujas no sangue do Cordeiro;

3ª. Alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro.

Essa é uma cena de triunfo sobre o pecado, por meio do poder do Senhor Jesus Cristo.

"Em todos os tempos, os escolhidos do Salvador foram educados e disciplinados na escola da provação. Seguiram na Terra por veredas estreitas; foram purificados na fornalha da aflição. Por amor de Jesus suportaram a oposição, o ódio, a calúnia. Acompanharam-No através de dolorosos conflitos; suportaram a negação própria – e experimentaram amargas decepções. Pela sua própria experiência dolorosa compreenderam a malignidade do pecado, seu poder, sua culpa, suas desgraças; e para ele olham com aversão. Uma intuição do sacrifício infinito feito para reabilitá-los, humilha-os à sua própria vista, enchendo-lhes o coração de gratidão e louvor, que os que nunca decaíram não poderão apreciar” (O Grande Conflito, p. 649, 650).

Ilustração: Certa noite, Martinho Lutero sonhou que viu o diabo em pé à sua frente, tendo na mão um rolo de pergaminho, que chegava até o chão, embora só estivesse desenrolado parcialmente. No pergaminho Lutero viu a longa e aparentemente interminável lista de seus pecados. Ele notou, porém, que o diabo encobria uma parte do rolo com a mão. Lutero mandou que o diabo retirasse a mão, mas inutilmente. Então ele repetiu a ordem no nome de Cristo. O diabo tirou a mão, e Lutero leu as palavras: “O sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1:7).

Não é de admirar que Lutero tenha escrito: “Portanto, o Cristo que é aceito pela fé e que vive no coração é a verdadeira justiça do cristão, em razão da qual Deus nos considera justos e nos concede a vida eterna” (Luther’s Works; St. Louis, Missouri: Concordia, 1963, v. 26, p. 130).

Conclusão – A visão dos 144 mil e da grande multidão descreve a vitória dos que suportaram as tribulações por amor a Cristo. "Não mais são fracos, aflitos, dispersos e opressos. Doravante devem estar sempre com o Senhor. Acham-se diante do trono com vestes mais ricas do que já usaram os mais honrados da Terra" (O Grande Conflito, p. 650).

Conheça o autor do comentário: Érico Tadeu Xavier possui graduação em Teologia Pastoral (1991) e mestrado (2000) pelo Seminario Adventista Latino-Americano de Teologia; Doutorado (PhD) pelo South African Theological Seminary (2011). Pós-doutorado (2014) na área de teologia sistemática pela FAJE – Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta, de Belo Horizonte. Foi professor de teologia na Bolívia e na Bahia, na FADBA. Atualmente é professor de teologia sistemática no SALT – IAP. Autor de 11 livros, é casado com a psicopedagoga e mestre em educação, Noemi, com que tem dois filhos, Aline e Joezer, que são casados e vivem no Paraná