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COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

2º Trimestre de 2025 - ALUSÕES, IMAGENS E SÍMBOLOS - Como Estudar a Profecia Bíblica


Lição 7 – Fundamentos proféticos

Destaques do Pastor Eber Nunes #?lesadv

“Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Is 6:1).

• “Quando Isaías contemplou essa revelação da glória e majestade de seu Senhor, sentiu-se oprimido com o senso da pureza e santidade de Deus. Que contraste entre a incomparável perfeição de seu Criador e a conduta pecaminosa dos que, como ele, faziam parte do povo escolhido de Israel e Judá!” (PR, 307);

• A presença de Deus sempre foi percebida na Bíblia com profunda reverência. Moisés tirou as sandálias (Ex 3), João caiu com rosto em terra (Ap 1).

“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos” (Is 6:1-4).

• Os serafins usam duas de suas 6 asas para cobrir seus rostos, a fim de não serem consumidos ao fitar a glória do Senhor. Com duas de suas asas cobriam os seus pés, um ato de humilhação, e com duas eles voavam para cumprir as ordens do Senhor;

• Podemos ver uma figura semelhante em Apocalipse 4:8: “E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estavam cheios de olhos, ao redor e por dentro. Não tinham descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir’”;

• Parece que santidade é a expressão que os seres celestiais preferem usar para se referir ao Senhor. Para alguns estudiosos, a santidade de Deus (YHWH) representa a essência oculta de Seu ser, Sua transcendência absoluta, a perfeição divina que O separa de Sua criação: uma distinção tanto em essência quanto em caráter, e Sua majestade moral;

• A santidade de Deus é o que O torna único e diferente de nós, santo é o único atributo de Deus repetido 3 vezes na Bíblia (Is 6:3; Ap 4:8);

• A adoração santa e perfeita dos Serafins nos ensina a adorar com toda reverência, humildade e modéstia. Deus é santo e exige santidade de Seu povo. Vivemos num mundo profano, mas somos um povo santo separado para o Senhor. Ele também diz: “Sede santos” (Lv 19:2);

• Em uma época de decadência espiritual e moral era importante que Isaías visse Deus em toda a sua santidade. E assim também que veremos o Senhor um dia.

Eis-me aqui, envia-me a mim

“Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido!” (Is 6:5-7).

• Um vislumbre da glória celestial é suficiente para nos convencer de que todas as nossas justiças são como trapos imundos;

• Isaías estava perdido, mas Deus o achou;

• Antes de ganharmos pecadores precisamos entender que somos pecadores.

“Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva” (Is 6:5-7).

• Brasas vivas eram levadas para dentro do Lugar Santíssimo no Dia da Expiação (Lv 16:12) quando era oferecido sacrifício para expiação dos pecados.

“Uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz” (Is 6:5-7).

• O altar de incenso (Ex 30:1-5) era, sobretudo, um altar de intercessão. João viu orações que partiam do coração de pecadores arrependidos apresentadas com incenso diante do trono da graça (Ap 8:3, 4).

“Com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios” (Is 6:5-7).

• O lábio foi tocado porque era a parte a ser usada pelo profeta. Seus lábios representavam sua fala e sua identidade. Como o profeta Isaías realizaria, literalmente, a obra de um porta-voz, isto significa que ele seria, em certo sentido, a boca de Deus para os homens.

“Ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Is 6:7).

• O perdão é o centro da mensagem evangélica das profecias de Isaías;

• Antes de sermos enviados, necessitamos ser perdoados;

• A contemplação começa revelando quem você é, mas termina mostrando o que Deus pode fazer.

Na adoração no santuário ou templo, a principal razão para se tirar uma brasa do altar era acender o incenso. Porém, em Isaías 6, o serafim utilizou a brasa no próprio profeta, em vez de no incenso. Isaías se tornou um incenso! Assim como o fogo santo queimava o incenso para encher a casa de Deus com a fragrância sagrada, esse fogo inflamou o profeta para espalhar uma mensagem santa.

“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6:8).

• Os 4 evangelhos mencionam o chamado de Isaías (Mt 13; Mc 4; Lc 8; Jo 12; At 28:26);

• A prontidão do profeta em se oferecer à obra missionária, sem mais hesitação, deve ser um exemplo para milhares de crentes que, tendo o privilégio de frequentar a igreja com regularidade, de estudar livremente a Bíblia, sem perseguições, nunca permitem que um conceito de dedicação, de vocação, de missão, venha a demovê-los de seu egoísmo comodista e irresponsável;

• Todo aquele que recebeu o milagre do perdão aceitará com alegria o desafio da missão;

• O impacto do perdão é seguido pelo impacto da proclamação!

• ‘Eis-me Aqui’, sempre será a melhor resposta para um chamado de Deus;

• “A todos quantos se tornam participantes de Sua graça, o Senhor indica uma obra em benefício de outros” (CBV, 148);

• Deus poderia enviar Seus anjos serafins para pregar; mas, preferiu nos enviar.

Os dois querubins

“O Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden” (Gn 3:23).

• Deus não apenas pediu a Adão e Eva que saíssem do jardim. Ele os expulsou (Gn 3:24);

• A palavra usada para expressar esta expulsão é usada para divórcios. Havia uma relação conjugal entre Deus e o homem, esse pacto foi quebrado.

“Colocou querubins ao oriente do jardim do Éden” (Gn 3:21-24).

• A palavra querubins é plural, indicando vários deles;

• Esta é a 1ª menção de querubins nas Escrituras;

• Segundo o hebraísta Antônio Neves, em seu livro “Estudo no Livro de Gênesis”, a palavra “querubim” ocorre 74 vezes na Bíblia e é de etimologia desconhecida. Ninguém sabe ao certo o que ela significa. Alguns comentaristas se aventuram a dizer, baseado nas funções destes “entes”, que ela significa “cobrir”, “guardar”, mas não têm muita certeza disso. A palavra ocorre 44 vezes com referência aos símbolos sagrados que aparecem nas cortinas do Tabernáculo (Êx 26:1), na Arca do Concerto (Êx 25:18-20 / 37:7-9) e no véu do Santíssimo (Êx 26:31), mas, apenas no livro de Ezequiel, ela aparece 19 vezes com uma conotação bastante estranha, bastante diferenciada da sugerida pela Teologia moderna de “seres angelicais” (Estudo no Livro de Gênesis – Casa Publicadora Batista – 3ª Edição – Rio de Janeiro, RJ – 1970);

• Querubins são mencionados no AT como seres viventes (Ez 10:8, 14) ou como representações deles feitas de ouro (Êx 25:18). Eles são retratados como estando ao lado do trono de Deus, irradiando Sua glória para o Universo. Imagens deles foram bordadas no véu que estava diante do lugar santíssimo (Êx 26:1). Na descrição poética do poder de Deus sobre a criação, Ele “cavalgava um querubim” (Sl 18:10). Deus ordenou que a arca da aliança fosse coberta por 2 querubins de ouro com suas asas estendidas uma em direção à outra (Êx 25:18-20);

• No livro dos Salmos e em outros das Escrituras Hebraicas, encontramos os querubins sustentando o trono de Deus no céu (Sl 80:1 e 99:1; Nm 7:89; 1ª Sm 4:4; 2ª Sm 6:2; 2º Rs 19:15; Is 37;16, etc.) enquanto no livro de Ezequiel, por duas vezes, eles aparecem transportando um ser “a semelhança dum homem” (Ex 1:26).

“O refulgir de uma espada… para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24).

• “Não havia uma espada literal guardando o portão do paraíso. O que havia era o que parecia ser o cintilante reflexo de luz de uma espada “que se revolvia” em todas as direções com grande rapidez – setas de luz refulgentes que irradiavam de um centro intensamente brilhante. … Essa luz viva e radiante não era nada senão a glória do shekinah, a manifestação da presença divina. Diante dela, durante séculos, os que eram leais a Deus se reuniam para adorá-Lo” (PP, 62, 83, 84);

Deus colocou querubins para guardar a árvore da vida no Jardim do Éden após a expulsão de Adão e Eva, para impedi-los de cometer o erro de comer o fruto e obter a vida eterna em estado de desobediência. Vida eterna num estado de pecado seria essencialmente o inferno.

Como brasas vivas

A visão de Ezequiel descrita no capítulo 1 do seu livro é uma das passagens mais profundas e enigmáticas do Antigo Testamento, ela é repleta de simbolismo e de profundidade teológica.

“Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, que, estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus” (Ez 1:1-3).

• Provavelmente Ezequiel tivesse 30 anos de idade quando foi chamado para o ministério profético (com essa idade os sacerdotes começavam a ministrar no santuário; Nm 4:3);

• A data desta visão é facilmente sincronizada com a história secular, pois o aprisionamento de Joaquim é o evento bíblico datado com maior precisão. Esse aprisionamento já foi localizado em 597 a.C. (CBASD, vl 4, 627);

• A visão de Ezequiel se deu em 21/7/592 a.C., 5 anos depois do profeta ir para o exílio;

• Ezequiel ficou tão impressionado com a visão da glória divina que anotou a data exata.

“Se abriram os céus, e eu tive visões de Deus” (Ez 1:1-3).

• Como aconteceu com Isaías (Is 6:1), Moisés (Êx 3:2) e João (Ap 1:13), Ezequiel inicia seu ministério profético com uma visão de Deus.

“Esteve sobre ele a mão do Senhor” (Ez 1:3).

• Essa expressão ocorre 7 vezes no livro e destaca o controle de Deus sobre Ezequiel;

• Numerosos textos relacionam esta expressão com o dom profético (1º Rs 18:46; 2º Rs 3:15; Dn 8:18; 10:10; Is 8:11; Ap 1:17).

“Eis que um vento tempestuoso vinha do Norte (Ez 1:4-14).

• A visão começa com um vento vindo do Norte, direção da qual os conquistadores assírios e caldeus costumavam descer para Jerusalém;

• Todos os elementos da visão têm em comum a luz, que é um dos elementos predominantes nesse tipo de visão, porque “Deus é luz” (1ª Jo 1:5);

• Esta imagem também evoca as teofanias do AT, onde a presença de Deus é frequentemente associada a tempestade e fogo (Ex 19).

“Do meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes… Cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas (Ez 1:4-14);

• Essas criaturas são seres que o profeta não contemplara antes, e com os quais seus ouvintes e leitores não eram familiarizados. Ezequiel precisou descrevê-las em termos compreensíveis. Seus sentimentos de inadequação são indicados pelo uso do termo que, neste versículo, é traduzido como “semelhança” (no original, a palavra ocorre 10 vezes no capítulo 1, mas é traduzida de formas diversas) CBASD, vl 4, 628;

• É sempre bom ter em mente que, na profecia simbólica, o profeta vê representações da realidade, e não a realidade em si.

Características das criaturas que Ezequiel viu:

• Eram 4 criaturas vivas que foram identificadas pelo profeta como querubins (Ez 10:20);

• Cada uma das 4 criaturas tinha 4 asas e 4 rostos diferentes;

• Não havia necessidade de se virar, pois, uma vez que os rostos olhavam em todas as direções, o deslocamento para qualquer direção constituía um movimento para a frente;

• O número 4 em si é altamente simbólico. Representa um conceito terreno, ligado à terra, ao mundo em que vivemos. Vemos isso nos 4 pontos cardeais, nas 4 estações do ano, bem como em muitos símbolos bíblicos (os 4 metais de Daniel 2 e os 4 animais de Daniel 7, que simbolizam poderes terrenos, em contraste com a ausência de um metal ou animal apropriado para definir o poder divino);

• As criaturas tinham os pés retos, com solas como as de um pé de bezerro, que andavam retos: os pés humanos têm curvaturas nos planos horizontal e sagital;

• Sob suas asas, havia mãos humanas: a mão que dirige os movimentos desses seres tem aparência humana, contudo, é uma mão divina (Ez 1: 3 e 12);

• A aparência de seus 4 rostos: homem - leão - boi - águia. Esses mesmos seres viventes são vistos por João em Apocalipse 4, que, no entanto, difere de Ezequiel no número de asas dos seres (João diz 6 asas) e na distribuição dos rostos (João diz que cada ser vivente tinha 1 rosto). Entretanto, a semelhança do cenário celeste e a descrição das semelhanças nos leva a crer que se trata da mesma visão, de 2 pontos de vista diferentes;

• “A brilhante luz que resplandece por entre as criaturas viventes, com a velocidade do relâmpago, representa a rapidez com que obra de Deus há de por fim ser consumada”(T5, 754). Para os seres humanos, muitas vezes, parece que os propósitos divinos tardam demasiado a cumprir-se. É verdade que tem havido demora, mas “não retarda o Senhor a Sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2ª Pe 3:9). Um dia, em breve, revestido de grande surpresa, o fim virá, mais rapidamente do que as pessoas imaginam (CBA, vl 4, 630);

• As rodas dentro de rodas, cobertas de olhos (Ez 1:15 a 18), enfatizam ainda mais a onipresença e onisciência de Deus.

O que representam essas 4 criaturas que Ezequiel viu:

• Já foram dadas várias sugestões para o significado desses rostos, mas elas não passam de especulação, uma vez que o profeta não interpretou os símbolos da visão e em nenhum outro lugar nas escrituras se declara o significado desses rostos;

• Alguns dizem que seu ponto comum é o domínio (o homem domina na criação, o leão na selva, o boi no campo, a águia nos céus);

• Alguns dizem essas criaturas tem as características de Cristo, desenhadas nos 4 evangelhos de acordo com as diferentes visões que os evangelistas tiveram de Cristo (Mateus descreve Cristo como o leão, Cristo o Rei, o filho de Davi / Marcos o descreve como o boi, o servo, o filho do homem / Lucas o descreve como o homem perfeito, o filho de Adão / João o descreve como a águia, o Filho de Deus);

• Segundo uma tradição judaica, esses 4 seres falam dos estandartes das principais tribos enquanto Israel estava acampado em 4 grupos ao redor do tabernáculo no deserto (Nm 2). O estandarte de Judá tinha um leão em suas cores, de acordo com a profecia de Jacó sobre aquela tribo (Gn 49:9); Efraim tinha um boi, Rúben tinha um homem, Dã, uma águia. Considerando que o acampamento de Israel era dividido em 4 grupos de 3 tribos cada, e que cada trio de tribos carregava consigo uma bandeira;

• Uma ideia seria que os 4 rostos representam toda a criação animada, em sua mais alta excelência. O leão é o mais poderoso dos animais selvagens, o boi o mais forte dos animais domésticos, a águia o rei de todos os pássaros e o homem é o mais elevado de toda a criação;

• “O homem é exaltado entre as criaturas; a águia é exaltada entre os pássaros; o boi é exaltado entre os animais domésticos; o leão é exaltado entre as feras selvagens; e todos eles receberam domínio, e grandeza foi dada a eles, mas eles estão estacionados sob a carruagem do Santo” (Midrash R. Shemoth, citado em Feinberg);

• Este certamente não é um assunto encerrado e merece mais estudo.

Acima das criaturas está um firmamento, semelhante a uma expansão de cristal (Ez 1:22), sobre o qual está um trono de safira (Ez 1:26). Este trono é o ponto focal da visão, significando a autoridade suprema e realeza de Deus. Sentado no trono está uma figura com a aparência de um homem, cercada por um brilho radiante que se assemelha a um arco-íris (Ez 1:27 a 28). Esta figura humana é uma manifestação da glória de Deus, uma teofania que revela a transcendência e imanência de Deus;

Lições dessa visão:

1. A visão enfatiza a presença de Deus com Seu povo, mesmo no exílio. A aparição da glória de Deus na Babilônia, longe do templo em Jerusalém, significa que a presença de Deus não está confinada a um local específico;

2. A visão serve como uma comissão para Ezequiel. O profeta é dominado pela visão, caindo com o rosto em terra (Ez 1:28). Esta resposta de reverência e temor sublinha a gravidade de seu chamado. Como porta-voz de Deus, Ezequiel é encarregado de transmitir as mensagens de Deus a um povo rebelde e obstinado (Ez 2:3 a 7);

3. Essa visão tinha o objetivo de encorajar os judeus num momento em que grande parte de seu país jazia em ruínas devido a invasões sucessivas, e muitos dos habitantes estavam cativos numa terra estrangeira. Para esses oprimidos, parecia que Deus não estava mais no controle. A visão foi dada para mostrar que um poder supremo controlava os negócios dos governantes terrenos, e que Deus estava no comando. Mesmo em tempos de crise, Deus está ativo e trabalhando em nossas vidas.

Isaías teve seus lábios preparados por uma brasa viva (Is 6:6); Jeremias teve o toque da mão de Yahwéh em seus lábios (Jr 1:9); a Ezequiel foi dado o rolo de um livro para comer (Ez 2).

Deus no meio de Seu povo

“Os filhos de Israel se acamparão junto ao seu estandarte, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da congregação, se acamparão” (Nm 2:1-25).

• Há uma ideia de que a ordem destes primeiros capítulos de Números é semelhante à ordem de Gênesis 1. Assim como Deus criou os céus e a terra e tudo o que os enche de ordem, beleza, propósito e maravilha, ele equipa seu povo com ordem, beleza, propósito e maravilha. No centro dessa ordem estaria o próprio tabernáculo. As tribos seriam organizadas em um quadrado ao leste, sul, oeste e norte em relação ao tabernáculo. Como o tabernáculo era simbolicamente a presença de Deus com eles, isso significava que toda a ordem em Israel estava começando a se concentrar no próprio Deus;

• Sem esse padrão, à parte dessa ordem, os hebreus teriam permanecido uma multidão desorganizada, rebelde e destinada ao desastre;

• A nação de Israel estava organizada em tribos por várias razões:

1- Era um meio eficaz de administrar e governar um grupo tão grande;

2- Fazia mais fácil a divisão da terra prometida;

3- Era parte de sua cultura e herança (a gente não era conhecida por seu sobrenome, mas sim por sua família, clã e tribo);

4- Podia-se levar mais facilmente um registro das genealogias quando as tribos estavam juntas;

5- As viagens eram mais eficientes. Todas as pessoas conheciam o estandarte de sua tribo (uma espécie de bandeira) e desta maneira permaneciam juntos;

• Este deve ter sido um dos maiores acampamentos que o mundo tenha visto! Deve ter abrangido quase 31 km, afinal eram 600 mil guerreiros, sem considerar as mulheres e aos meninos. Moisés certamente teve dificuldades para dirigir um grupo tão grande.

• O propósito de Deus com o santuário era “estar no meio do povo” (Êx 25:8), algo que fica bem claro em Números 2, que indica a ordem que as 12 tribos deveriam ter no acampamento, “ao redor da tenda do encontro e de frente para ela” (Nm 2:2);

• A Nova Jerusalém é chamada por João de “tabernáculo de Deus” (Ap 21:3), um lugar no qual Ele habitará com os seres humanos (Ap 21:4). A cidade também possui a glória de Deus (Ap 21:11, 23; 22:5). Essas declarações sugerem que a cidade assume o papel do santuário de Israel. Não por acaso, João afirma que nela não viu santuário, “porque o santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro” (Ap 21:22);

• A ordem do acampamento é apresentada como uma formação militar, simétrica, com a tenda da congregação no centro, 3 tribos em cada um dos seus 4 lados e os levitas acampados no centro, ao redor do tabernáculo (Nm 2:17). A posição central do tabernáculo representa a presença de Deus no meio do seu povo (Ex 25:8).

“Os filhos de Israel se acamparão junto ao seu estandarte, segundo as insígnias” (Nm 2:1-25).

• As insígnias tinham as cores das pedras preciosas que representavam as 12 tribos na estola sacerdotal (Ex 28:17 a 20);

• Cada estandarte representava um grupo de 3 tribos, e pertencia à tribo que liderava o grupo. Os judeus têm uma tradição que o estandarte de Rúben (Nm 2:10) tinha a figura de um homem, o de Judá um leão, o de Efraim (Nm 2:18) um boi, e o de Dã (Nm 2:25) uma águia. O acampamento de Judá seria o primeiro porque era apropriado que o leão liderasse o caminho.

Nem a Lei Mosaica nem o AT em geral nos dão qualquer pista quanto à forma ou caráter das bandeiras. Foi a tradição rabínica que detalhou as imagens em cada bandeira. No entanto, eles não fazem nenhuma referência a nenhum rabino antigo e citam apenas o comentarista católico romano do século XVI, Jerônimo de Prado. Essas tradições são tardias e difíceis de comprovar historicamente, uma vez que a Torá não descreve a natureza ou os desenhos dos estandartes de Números 2. Em suma, não temos nenhuma evidência bíblica firme sobre o que estava na bandeira (estandarte ou bandeira).

O que aprendemos em Números 2:

• Deus é um Deus de ordem (1ª Co 14:33);

• A união da diversidade é um grande princípio da vida (Ef 3 e 4);

• Deus ordena as coisas de acordo com a sua sabedoria, não a nossa. Na disposição das tribos, ele não colocou as tribos maiores mais próximas do tabernáculo (como se maior sempre significasse melhor). Efraim, a tribo mais próxima do oeste, era a 3ª menor tribo. O Senhor também não colocou todas as grandes tribos no perímetro externo para proteção adicional (Benjamim, a 2ª menor tribo, está no perímetro externo). Deus sempre trabalha em ordem, mas as razões para essa ordem nem sempre fazem sentido para nós;

• Tudo estava posicionado em relação à presença de Deus no tabernáculo. Deus poderia ter descrito onde a tribo de Judá estaria em relação à tribo de Dã, mas não o fez. O ponto de referência sempre foi o próprio Deus. Muitos problemas são porque nós nos posicionamos e nos medimos em referência a outras pessoas e não a Deus;

• Há um sentido de manifestação progressiva da presença de Deus entre o povo. Primeiro, Ele fica no Monte Sinai; então, Ele chega à tenda fora do acampamento; então Ele habita na tenda no meio do acampamento; mais tarde, ele se revelaria por meio da encarnação entre seu povo (Jo 1:1-18), e, num dia ainda por vir, haverá uma plena compreensão da presença da pessoa de Deus habitando entre seu povo na Nova Jerusalém (Ap 21:1-4). Deus precisa ser o centro de nossa vida, família, sociedade e igreja.

Balaão descreveu a beleza e a ordem do acampamento de Israel: “Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel! Como vales que se estendem, como jardins à beira dos rios, como árvores de sândalo que o Senhor plantou, como cedros junto às águas” (Nm 24:5-6).

A queda de Lúcifer

Os profetas usavam o que era mais próximo e mais facilmente compreensível para explicar coisas que, por si mesmas, poderiam ser difíceis de compreendermos. Isaías e Ezequiel por exemplo, através de paralelos humanos, permitem que façamos uma ideia da transição, num dado ponto da história, quando tudo o que era belo e perfeito na ordem de coisas preparada por Deus foi manchado pela ambição destruidora. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! ... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus... subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:12-15). Esses textos são uma espécie de profecia “dupla”, afinal nunca nenhum rei terrestre caiu do céu, os versos sugerem alguém maior do que o rei de Babilônia e revelam ambições acima dos seres humanos. Jesus usou essa mesma estratégia ao falar da destruição de Jerusalém (Mt 24), onde descreveu tanto a destruição de Jerusalém pelos Romanos, no ano 70 da nossa era, como a realidade maior do fim do mundo. Ezequiel descrevendo o rei de Tiro disse: “Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden… Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci, permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28: 12-15). Através dos atributos de um rei terrestre, Ezequiel sugeriu alguém muito maior que um mero rei humano. O fato de um ser perfeito, num ambiente perfeito, estragar-se por causa do seu orgulho, deve ser um alerta para nós. “Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria” (PP. 35). De acordo com Isaías 14 e Ezequiel 28, entendemos que:

• Quando o “eu” se exalta, tudo já começou a cair;

• Orgulho, altivez e inveja derrubaram Babilônia e Lúcifer;

• Lúcifer não desejava ter o caráter semelhante ao do Altíssimo, queria Seu poder;

• A exaltação faz aumentar nossa cabeça, mas encolhe nosso cérebro;

• Ezequiel 28 mostrou um “Tiro” que saiu pela culatra;

• Cuidado em nutrir sentimentos que parecem simples, eles podem torná-lo, o que você nunca imaginou, afinal o orgulho transformou um anjo num demônio;

• Se exaltar é o ato de descer achando que se está subindo;

• Quem fica inflado pelo orgulho, acabará sendo arrastado pelo vento.

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã” (Is 14:12).

• Muitos pais da igreja como Jerônimo e Tertuliano consideravam que este versículo se referia ao diabo, e daí o nome lúcifer (Is 14:12) lhe foi atribuído;

• Mediante a sua auto deificação o rei da Babilônia é um imitador do diabo, portanto a sua humilhação é também um exemplo da queda de Satanás (Ap12).

“O Céu triunfará, pois as vagas deixadas pela queda de Satanás e de seus anjos serão preenchidas pelos redimidos do Senhor” (VSA, 177).

Conclusão:

Deus habita entre Seu povo. O verbo em hebraico, shakan, “habitar”, é usado para descrever a habitação de Deus entre Seu povo no santuário (Êx 25:8, 9). Essa ideia da habitação de Deus era tão poderosa que produziu a palavra mishkan, “tabernáculo”, o próprio lugar no qual Deus habitaria. O verbo também se refere à nuvem que habitava, “repousava” (shakan), no tabernáculo (Êx 40:35). No NT, essa noção é estendida à pessoa cristã, incluindo o corpo: “Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos?” (1Co 6:19). “Agora, pois”, conclui Paulo, “glorifiquem a Deus no corpo de vocês” (1Co 6:20).

Louvo a Deus pelas maravilhosas lições que podemos aprender de Sua Palavra e é por isso que sou apaixonado pela Escola Sabatina! #lesadv