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COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

3º Trimestre de 2024 - O EVANGELHO DE MARCOS


Lição 4 Parábolas

 Ao considerarmos as características de cada um dos quatro evangelhos, percebemos que Marcos não dá muita ênfase às parábolas e nem aos sermões de Jesus, mas em Suas ações miraculosas. Dessa forma, Marcos registra apenas 6 das 40 parábolas registradas nos evangelhos. A lição desta semana trata de cinco dessas parábolas, todas registradas no capítulo 4 de Marcos.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as parábolas não têm o propósito de “esconder” das pessoas a verdade, mas foram apresentadas para revelar a verdade. Esse pensamento equivocado tem por base uma interpretação errada de Marcos 4:12: “para que, vendo, vejam e não percebam; e ouvindo ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se e sejam perdoados”. No entanto, a expressão traduzida como “para que” (do grego hina) nem sempre tem o sentido de propósito ou de finalidade, mas também de causa ou consequência (ver, como exemplos, João 9:2, 3; 1 João 2:19; Romanos 5:20).

O sentido é que as pessoas que não estão em harmonia com Deus não entendem Seus ensinos e, como consequência disso, seus olhos e ouvidos estão fechados, e o resultado final é não se converterem e não serem perdoados.

O povo de Deus, ao contrário dos infiéis, entende os ensinos de Cristo. Seus ouvidos e olhos não estão fechados para as coisas espirituais. Por isso, Jesus repreendia os discípulos quando não entendiam as parábolas (Mc 4:13; 7:18, 19). Eles deveriam entender!

O Semeador (Mc 4:3-20)

A parábola do semeador ensina que há quatro tipos de “solos” que recebem a “semente” da Palavra de Deus: “o solo à beira do caminho”, “o solo rochoso”, “o solo entre espinhos” e a “boa terra”. Podemos dizer que o “solo” onde a semente deve crescer e dar frutos é o nosso coração, mente ou “alma”. É importante lembrar que os solos ruins podem e devem ser trabalhados antes de receber a semente. A entrega a Deus e o compromisso com Ele transforma o solo do nosso coração para receber a semente e o cultiva para que dê frutos. Temos que orar a Deus sempre para que Ele transforme o nosso solo em “boa terra”, pois somente então a Palavra de Deus crescerá e frutificará.

A lamparina (Mc 4:21-25)

Jesus é enfático ao dizer que ninguém acende uma lâmpada para colocá-la escondida em algum lugar. Se uma lâmpada é acesa, normalmente é para iluminar. Geralmente o evangelho é comparado à luz (Jo 1:4, 5; 3:19). O propósito do evangelho é iluminar a vida das pessoas e tornar a verdade clara. E é essa luz que também revela os segredos mais obscuros do coração e o transforma. Por isso, como disse Jesus para Nicodemos: “Todo aquele que pratica o mal detesta a luz e não se aproxima da luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (Jo 3:20, 21).

Quem se afasta da luz do evangelho fica com o “entendimento obscurecido” e se torna insensível para as coisas de Deus (Ef 4:17-19). Que a lâmpada do evangelho brilhe em nossa vida!

A medida (Mc 4:24, 25)

Essa breve parábola, que se parece mais com um provérbio, é um tanto obscura. Ela parece ter várias aplicações possíveis. Ela é parecida com o texto de Mateus 7:1 e 2, que nos exorta a não julgar as pessoas para não sermos julgados na mesma medida. Ela também se assemelha ao texto de Lucas 6:37 e 38, que fala também de não julgar para não ser julgado, e acrescenta o conceito de dar para receber da mesma forma: de maneira “transbordante”.

De qualquer modo, vemos aqui uma ideia de correspondência, talvez uma lei natural de retribuição: se tratamos bem as pessoas, esperamos também ser bem tratados; se tratamos mal, também somos maltratados; se julgamos alguém, também somos julgados, etc. E se isso não acontece na Terra, onde há tanta injustiça, o Céu vai medir na mesma medida, no juízo final. O autor da Lição da Escola Sabatina vê também a possibilidade de ser uma referência ao bom tratamento dado às pessoas para abrir as portas para o evangelho.

A semente

A parábola da semente destaca o processo do crescimento. Jesus compara o Reino de Deus a um homem que planta a semente, e ele sabe que ela vai crescer, embora ele não saiba explicar como (Mc 4:27). Realmente, é possível que a maioria dos agricultores não saiba explicar como acontece o milagre da vida latente na semente e sua transformação, mas todos conhecem o processo e o acompanham até o dia da colheita.

O Reino de Deus, ainda que não o compreendamos por completo, é percebido pelo crescimento das “plantas”, que somos nós, que aguardamos o dia da colheita, na volta de Jesus, quando o grão estiver maduro (Tg 5:7, 8).

O grão de mostarda

A parábola do grão de mostarda, de modo semelhante à anterior, aponta para o fato de que, apesar de não compreendermos tudo, o milagre do crescimento acontece pelo poder de Deus. A semente de mostarda é muito pequenina (cerca de 700 sementes pesam apenas 1 grama!), mas não é a menor do mundo. Quando Jesus disse em Mateus 13:32 que essa era “a menor de todas as sementes”, Ele Se referiu às sementes conhecidas pelas pessoas daquela época e daquela região. Além disso, Sua ênfase foi na transformação ocorrida, de uma minúscula semente em uma grande árvore na qual os pássaros podem fazer seus ninhos. O Reino de Deus na Terra, resgatando seres humanos das trevas para a luz de Jesus, começou pequenino, com 12 apóstolos, mas Jesus previu que ele cresceria massivamente até o dia da Sua volta.

 

Conclusão

As parábolas têm o objetivo de gravar profundamente no coração e na mente as verdades espirituais do Reino de Deus. Uma grande parte das parábolas ensina a Palavra de Deus a partir de coisas simples, terrenas, para conseguir revelar assuntos complexos, celestiais, de maneira efetiva e duradoura.

 Pastor Natal Gardino