COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

O LIVRO DE ÊXODO

Terceiro Trimestre de 2025

Lição 4 — As pragas / Comentário da Lição da Escola Sabatina

Publicado em 18 de julho de 2025 por Ligado na Videira

Sábado — Introdução.

Nesta semana, falaremos sobre dois assuntos que intrigam os leitores da Bíblia: as pragas no Egito e a tal história de Deus ter endurecido o coração de faraó. Mas, para isso, é necessário construir uma base, um contexto.

Irmãos, a escravidão dos hebreus no Egito tinha a mão forte de Satanás. A permanência dos hebreus nessas terras pagãs era de interesse dele. Ele sabia que dessa família nasceria o Redentor do mundo. Sendo assim, subjugar os hebreus seria a maneira de atrapalhar os propósitos Divinos.

Há um verso do Novo Testamento que bem explica essas coisas: “A nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Efésios 6:12).

Portanto, não duvidem: o inimigo queria fazer os hebreus se tornarem egípcios — tanto no idioma como nos costumes e práticas religiosas. E é sobre esse viés que vamos fazer nossas primeiras considerações.

Vamos começar?!

Domingo — Deus versus deuses.

O Egito era movido por questões espirituais. Havia uma divindade para cada situação. O próprio faraó era considerado um ser divino. E esse assunto era tão sério, mas tão sério, que eles iam para as batalhas em nome desses deuses. Se ganhavam, era um determinado deus que havia ganhado. Se perdiam, esse deus é que havia perdido. Sendo assim, Moisés, ao falar que ali estava em nome do Deus de Israel, foi considerado como um desafiador das divindades egípcias.

A questão é: Quem deveria aprender que só existe um único Deus? Será que só faraó? Será que só faraó e os egípcios? Porventura, os hebreus também não careciam ser ensinados?

Irmãos, 800 anos depois, os judeus foram para o cativeiro babilônico. Leiam Isaías, Oseias, Jeremias. Leiam Reis e Crônicas. É de chorar! Eles foram para o cativeiro em Babilônia porque saíram do Egito atolados em idolatria. Ou seja, Satanás fez com que o Egito se tornasse uma praga para os hebreus.

Voltando para o contexto de Moisés e faraó, chegou a hora de todos verem a mão de Deus. A taça estava por transbordar, e um juízo tinha que ser feito. E o embate entre esses dois grandes personagens deve ser visto como uma guerra entre o único e verdadeiro Deus e os deuses inventados pela imaginação e mãos humanas, instigados pelo inimigo.

Porém, para ser justo com a “doutrina do juízo”, é preciso falar primeiro sobre a graça e a misericórdia.

Antes das “pragas”, Moisés conversou com faraó mais de uma vez; e diante dele apresentou alguns “sinais”, já que essa era a maneira de tratar com quem dava muito valor ao sobrenatural. Mas foi em vão.

Esse conversar “antes” é chamado de graça. Misericórdia foi dada através de tempo e de sinais. Mas o “desprezo” manifestado a essa primeira parte fez com que viesse a segunda e última parte: o juízo. Se a Palavra de Deus que foi falada tivesse sido ouvida e obedecida, não teria havido juízo; não teria havido pragas (Basta lembrar de Jonas em Nínive).

Quanto a palavra “desprezo” (faraó desprezou a Palavra de Deus em seu coração), por alguma razão ela foi escrita como “faraó endureceu o seu coração” — e isso é fácil de entender; o problema é que em alguns versos é dito que o endurecedor do coração de faraó foi Deus. E agora? Como vamos desatar esse nó?!

Segunda — Quem endureceu o coração de faraó?

Primeira consideração: Nos dias das vacas magras, Deus disse para Jacó: “Não temas descer para o Egito… Eu descerei contigo e te farei tornar a subir, com certeza”. Depois, quando estava para morrer, Jacó falou assim para José: “Eis que eu morro, mas Deus será convosco e vos fará voltar à terra de vossos pais” (Gênesis 46:3-4; 48:21). Portanto, percebam: as ações de Deus, que estamos por ver em Êxodo, são exclusivamente para tirar os hebreus do Egito e fazê-los voltar para a terra prometida.

Em Êxodo 3:19 (que aqui coloco com um hífen no meio, pois preciso evidenciar que são duas afirmações), Deus disse: Moisés, vá até o Egito e fale com faraó sobre a saída dos hebreus, mas “Eu sei que o rei do Egito não vos deixará ir — se não for obrigado por uma mão forte”.

Perceberam? A negativa de faraó já era de “conhecimento” de Deus; não de “feitura” de Deus. A feitura seria pôr a Sua mão, de forma a fazer o povo sair. E o verso seguinte é muito esclarecedor quanto a isso: “Farei prodígios na frente de faraó; depois, ele vos deixará ir”.

Citei no início, e repito aqui: A escravidão dos hebreus no Egito tinha a mão forte de Satanás. Agora, o Egito veria uma mão mais forte ainda: a mão de Deus.

Irmãos, o instrumento para os propósitos do inimigo era faraó, razão dele ter tomado posse de seu coração. Foi Satanás quem endureceu o coração de faraó, de Herodes, de Judas, de Anás e de Caifás. Deus, que respeita o livre-arbítrio, e que havia dado condições para que faraó O servisse, deixou que esse homem continuasse no caminho que escolheu seguir. O problema é que esse “deixou” foi escrito e traduzido como Deus tendo sido o feitor de tal endurecimento.

São dez versos falando que Deus endureceu: Êxodo 4:21; 7:3; 9:12; 10:1, 20, 27; 11:10; 14:4, 8, 17 — e dez que foi o próprio faraó que se endureceu: 7:13, 14, 22; 8:15, 19, 32; 9:7, 34, 35; 13:15.

Como deu empate, escolhei hoje a quem sirvais. Eu e a minha casa desempatamos verificando o contexto e Hebreus 3:7-8, que diz: “Como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a Sua voz, não endureçais o vosso coração”. Ou seja, o pecador é quem endurece seu próprio coração. Por sinal, esse texto de Hebreus se refere aos hebreus, que também endureceram o coração, logo depois que atravessaram o Mar Vermelho.

Faraó em hipótese alguma diz que o Deus de Israel endureceu o seu coração. Ao contrário! O que ele diz é: “O Senhor é justo, porém eu e o meu povo somos ímpios” (Êxodo 9:27).

Uns 400 anos depois, em 1Samuel 6, os filisteus roubaram a arca da Aliança. Ficaram com ela cerca de 7 meses. Ocorre que sobre eles caiu um juízo, e, temerosos, os governantes consultaram seus feiticeiros, que responderam assim: Devolvam a arca… “Por que vocês endureceriam o coração, como os egípcios e faraó fizeram?” — Incrível, não é mesmo? Até os ímpios sabiam que não havia sido Deus quem endurecera o coração de faraó.

Irmãos, existem artigos mais bem elaborados a respeito desse tema. Vou indicá-los aqui. Vale a pena estudá-los.

Terça — As três primeiras pragas.

Agora, vamos considerar as pragas. Mas, permitam-me construir uma linha de raciocínio: Quando Daniel viu Babilônia perdendo para a Média-Pérsia, e que Ciro era o novo rei, e que este permitiu que os hebreus voltassem para Jerusalém exatamente após 70 anos de cativeiro, quantos pensamentos bons devem ter passado em sua mente! Tudo acontecendo como Deus havia dito que aconteceria. Que Deus Fiel!

O mesmo aconteceu com Moisés. Deus lhe disse que faraó endureceria o coração, e cada vez que isso acontecia, rapidamente lembrava: Deus é Fiel! Agora, diante de cada praga, vai lembrar: Deus está no controle; Ele é Fiel!

Irmãos, as pragas não foram um pensamento tardio de Deus, e nem Sua reação de última hora. Eram juízos vindos em resultado da contínua desobediência. A situação exigia que os quatros ventos fossem soltos, e foram. Mesmo sabendo e revelando antecipadamente a dureza do coração de faraó, até então a ordem de Deus era para conter tais ventos, mas o copo começou a transbordar.

Bem, primeiramente, sinais de poder haviam sido dados. Foram dados para despertar o coração de faraó. Mas, diante de uma recusa atrás da outra, finalmente o primeiro juízo — a primeira praga: as águas tornam-se em sangue (7:14-25). Quais águas? As águas do Rio Nilo, a fonte da vida do Egito. Água para beber; para higiene; para irrigação; e para o habitat dos peixes (base alimentar das pessoas). Além disso, o rio era a principal via de transporte deles.

A praga durou 7 dias. E faraó não deu pelota pra nada disso.

A segunda praga: as rãs (8:1-15). Vendo o rio voltar ao normal, nem tiveram tempo de desfrutá-lo: dele vieram todas as rãs. Elas invadiram tudo. Mesa, gavetas, cama, saboneteira. Tudo!

Que nojo! E o pior: todas morreram, e isso provocou um cheiro medonho. E nem tinha ainda passado o cheiro dos peixes que haviam morrido recente. E, faraó, fingindo que não estava nem aí.

Veio então a terceira praga: os piolhos (8:16-19). Irmãos, eu não tenho lembrança de ter tido piolho; portanto, não tenho lembrança de incômodo por isso. Quem lembra diz ter sido um incômodo enorme. Imaginem uma rua cheia de piolhos, parecendo uma rua asfaltada, e todos os piolhos vindo em sua direção!

Bem, nessa praga, uma coisa interessante. Os feiticeiros egípcios reconheceram e alertaram faraó: “Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de faraó se endureceu, e não os ouviu”.

Quarta — Moscas, gado e úlceras.

A quarta praga: as moscas (8:20-32). Pelo que li no Comentário Bíblico, na verdade foi um enxame de diversos insetos. Sendo assim, depois das pulgas, vieram as moscas, os mosquitos, e as aranhas e baratas. Incrível! E se alguém corresse para o hospital, lá se encontraria com os mesmos insetos.

E o resultado? “Mas ainda desta vez Faraó endureceu o coração e não deixou o povo ir”.

A quinta praga: a peste nos animais (9:1-7). Quando estava quase passando a lembrança da falta de água, da mortandade de peixes, do nojo das rãs, e do incômodo dos insetos, chegou a hora dos animais: uma peste os abateu; todos morreram. Pensem nas carcaças espalhadas em volta das pirâmides! Que cena horripilante!

Recente falta de água, de peixes, de verduras e legumes, e agora a falta de leite e de carne vermelha.

E faraó? Bem, “faraó mandou verificar, e eis que do rebanho de Israel não havia morrido nem um animal sequer. Mas o coração dele se endureceu, e não deixou o povo ir”.

A sexta praga: as úlceras (9:8-12). Veio, então, mais uma praga. Um punhado de cinzas foi colocado nas mãos de Moisés, e ele as soprou ao jogá-las para cima, e o vento levou. Nesse exato momento, todos os egípcios foram tomados de feridas — doloridas, cheias de pus e malcheirosas. (Isso me fez lembrar de Jó).

Quinta — Granizo, gafanhotos e escuridão.

Bem, agora nós vamos falar de mais três pragas, completando nove. A décima vai ficar para semana que vem. Mas, aqui, um lembrete: nós não sabemos precisar quanto tempo entre a primeira e a última conversa com faraó. Porém, seja o tempo que for, foi um tempo de graça. A cada juízo, uma oportunidade para reconsiderar, e obedecer a Deus.

A sétima praga: granizo (9:13-35). Nesta sétima praga, uma coisa interessante: através de Moisés, Deus alertou faraó que já era para ele ter sido eliminado da face da Terra. O basta já poderia ter sido dado. Mas, mais uma chance seria dada — uma chance de doer o couro cabeludo: a queda de granizo; chuva de pedras; e umas faíscas de fogo.

Outra coisa interessante: alguns oficiais obedeceram as palavras de Moisés, e deram ordem para que os seus mais chegados procurassem abrigo; outros, foram na onda do faraó, e deixaram seus subordinados à mercê do juízo. Na sequência, faraó falou da boca pra fora que finalmente estava convencido ser um ímpio, e pediu para que Moisés intercedesse pelo Egito. Moisés até intercedeu, fazendo cessar a chuva, mas declarou: “Eu sei que você ainda não teme a Deus”. Dito e feito: “³4 Quando faraó viu que cessaram as chuvas, as pedras e os trovões, tornou a pecar e endureceu o coração, ele e os seus oficiais. ³5 E assim faraó, de coração endurecido, não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito a Moisés”.

A oitava praga: gafanhotos (10:1-20). Entre a declaração de que haveria uma oitava praga e a praga propriamente dita, os oficiais de faraó imploraram para ele finalmente deixar os hebreus saírem do Egito. Faraó disse que sim, mas com uma condição. Deus não aceitou essa condição, e os gafanhotos arrasaram com todo o restinho que ainda existia.

Então, faraó recuou e fez uma promessa, e a oitava praga cessou. Mas o recuou dele durou apensa cinco minutos. Voltou a endurecer o coração, e recusou fazer o que prometera. Sendo assim, abriu o caminho para mais um juízo — A nona praga: trevas (10:21-29).

Então, o Egito ficou no escuro absoluto por três dias e três noites. E não tinha quem achasse o fósforo e a vela. Foram trevas tal qual antes do primeiro dia da criação.

Bem, faraó tentou negociar, não obteve sucesso, e ameaçou Moisés: “²8 Saia da minha presença e tenha cuidado para nunca mais aparecer aqui. Porque, no dia em que você tornar a ver o meu rosto, será morto. ²? Moisés respondeu: — Como queira! Nunca mais tornarei a ver o seu rosto”.

Sexta — Conclusão.

Irmãos, no trimestre passado, estudamos as chaves que abrem as portas das profecias. Ou seja, na hora de abrir uma porta, devemos saber qual é a chave certa. Agora, a Lição não é sobre profecia, mas não é pecado fazer menção a respeito.

Nas pragas do Egito, observem: os hebreus foram poupados; Deus cuidou de Seus filhos. Da mesma forma, na próxima saída do Egito rumo à terra prometida, durante as pragas, todos seremos cuidados por Deus. Se porventura cair um fio de cabelo de nossa cabeça, será para honra e glória de Deus; será para ainda servir de testemunho e resgate de alguns. Mas, fechada a porta da graça, em hipótese alguma um filho de Deus perderá a vida. Quem ficará em trevas, sem o Espírito Santo, serão os ímpios. Os salvos estarão bem seladinhos.

Deus nos abençoe.

Carlos Bitencourt / Ligado na Videira