COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

O LIVRO DE ÊXODO

Terceiro Trimestre de 2025

Lição 3 — Começo difícil / Comentário da Lição da Escola Sabatina

Publicado em 11 de julho de 2025 por Ligado na Videira

Sábado — Introdução.

Vamos relembrar o que já estudamos até agora? Pode ser?!

Na Lição 1, fizemos algumas considerações sobre Êxodo 1 e 2. Vimos a razão dos hebreus estarem no Egito, e o que aconteceu com eles após a morte de José. E vimos Moisés, do seu nascimento até a sua fuga, aos 40 anos de idade, em razão de um homicídio cometido. Ele poderia ter sido o faraó do Egito, mas, lá nas terras onde foi se esconder, acabou sendo um pastor de ovelhas.

Na Lição 2, as considerações foram sobre Êxodo 3 e 4. Moisés estava com 80 anos, e, num determinado dia, foi surpreendido por dois milagres: (1º) uma sarça começou a pegar fogo na frente dele, e, surpreendentemente, não se consumia; e (2º) ouviu a voz de Deus, que lhe chamava para liderar o maior evento ocorrido na Terra, entre o dilúvio e a cruz do Calvário.

Foi interessante o diálogo entre Deus e Moisés. Deus lhe contava o que ia acontecer, e ele revelava suas incapacidades. Deus ouvia cada uma delas, e lhe concedia o poder necessário para superá-las. Uma história fantástica!

Mas, Deus não poupou Moisés de saber que a missão teria um grau de dificuldade, e isso porque “a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais”.

Bem, agora na Lição 3, a base é Êxodo 5 e 6, e mais a primeira parte do capítulo 7.

Vamos começar?!

Domingo — Quem é o Senhor?

Então, é o seguinte: além de conversar com Moisés, Deus também conversou com Arão, o primogênito, que rapidamente foi ao encontro de seu irmão caçula. Deve ter sido um encontro emocionante.

Na sequência, foram para o Egito, e imediatamente se reuniram com os líderes hebreus, ocasião em que lhes contaram tudo o que ouviram de Deus, mostrando-lhes os sinais ordenados pelo Senhor. E a resposta ficou registrada na Bíblia: “O povo creu. E, quando ouviram que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e visto a aflição deles, inclinaram-se e adoraram”.

“¹ Depois (no capítulo 5) Moisés e Arão foram e disseram a Faraó: — Assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Deixe o Meu povo ir, para que Me celebre uma festa no deserto’. ² Faraó respondeu: — Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz e deixe Israel ir? Não conheço o Senhor e não deixarei Israel ir”.

Primeira consideração: Registros antigos esclarecem que não era fácil conseguir uma audiência com faraó, e é de se imaginar que fosse impossível um hebreu conseguir tal proeza. No entanto, a antiga experiência de Moisés na corte deve ter sido a senha para tal façanha.

Segunda consideração: O Egito era movido por motivações religiosas. O próprio faraó acreditava ser uma divindade. Sendo assim, é de se imaginar que faraó desprezasse a religião dos hebreus; que fizesse pouco caso do Deus de Israel. E isso é claramente manifestado em sua resposta: “Quem é o Senhor? Não conheço o Senhor”.

Irmãos, vamos ser sinceros: quando estamos com a vida atrapalhada, e as pessoas notam isso, será que elas se perguntam quem é o nosso Deus? Quando uma pessoa vai em nossa igreja, e ela nos conhece fora da igreja, será que ela se pergunta quem é o nosso Deus?

Será que a pergunta de faraó é totalmente desprovida de razão?

Sem querer adiantar a história, mas adiantando, antes do Mar Vermelho ser aberto, os hebreus já estavam reclamando, acusando Moisés de tê-los feito sair do Egito, como se ele os tivesse forçado a sair. E, do outro lado do Mar, livres, a primeira coisa que fizeram foi reclamar da falta de água. Até tem um verso que nos provoca gargalhadas: “Aos quinze dias do segundo mês, depois que saíram da terra do Egito, toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto. Os filhos de Israel disseram a Moisés e Arão: — Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão à vontade! Pois vocês nos trouxeram a este deserto a fim de matarem de fome toda esta multidão” (Êxodo 16:1-3).

Então, pergunto novamente: Será que a indagação de faraó é totalmente desprovida de razão?

Se nem os hebreus sabiam quem era o Senhor, como é que faraó saberia? Se nem a família de Abraão valorizava os feitos do Deus de Abraão, como é que faraó O conheceria?

Segunda — Um começo difícil.

Além da pergunta e da afirmação (“Quem é o Senhor? Não conheço o Senhor”), faraó imediatamente deu ordens para dificultar o trabalho obrigatório dos hebreus. Sua mão pesou um pouco mais ainda sobre eles.

Em Êxodo 5:9, faraó disse: “Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não deem ouvidos a palavras mentirosas”.

Quais palavras “mentirosas” Moisés falou? Nenhuma! Moisés não estava mentindo. Era ele, faraó, que estava querendo dizer que a “liberdade” era uma mentira. Essa conversa já vem lá do Éden. Em obedecer a Palavra de Deus estaria a liberdade da raça humana. Não comer do fruto proibido seria a liberdade de Adão e Eva. Mas a serpente disse: isso é mentira.

Irmãos, a mentira do Éden passou pelo Egito, atravessou todos os oceanos e todos os séculos, e está diante de cada um nós. Nos fins dos tempos, os faraós vão dizer que as calamidades que caem sobre a Terra são motivadas pelo povo que obedece a Palavra de Deus. Vai ser diante de tais fatos que a marca da besta será imposta.

O povo hebreu sofreu no Egito, irmãos. É mentira que escravo comia carne e pão à vontade. Eles sofreram muito! E, diante de um novo começo, as dificuldades se agigantaram na mente deles. Criaram mais dificuldades para si.

Todo novo começo exige mais confiança em Deus. Quanto mais dificuldades, mais confiança em Deus. E é por isso que a história deles está registrada — para que sirva de aprendizado a cada um de nós.

Terça — O “Eu” divino.

No final do capítulo 5, parece que Moisés está questionando Deus. Na verdade, mais uma vez estamos vendo o famoso Moisés — o homem que conversava tranquilamente com Deus; que, se tinha que perguntar, perguntava; se tinha que revelar suas próprias incapacidades, revelava. Sendo assim, devemos considerar que essa aparência de questionamento é, na verdade, uma forma de dizer: “Senhor, tenho fé, mas ainda não consigo ver claramente os caminhos que o Senhor mandou eu andar. Mesmo o Senhor tendo já me mostrado muitas coisas, eu Lhe peço que continue a me mostrar mais um pouco ainda, por favor”. E, no capítulo 6, Deus responde — Deus explica Seu “um pouco mais”.

Bem, Deus Se comprometeu com Seu escolhido, dizendo: “Moisés, agora você verá o que hei de fazer a faraó”. E a Lição teve o capricho de enumerar o passo a passo, abaixo da pergunta 4. (Deem uma lida lá).

Aqui, eu gostaria de mencionar uma expressão estranha contida no texto. Ela carece de explicação, e tem explicação. Êxodo 6:2-3 — “Eu sou o Senhor. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo Meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido”.

Irmãos, eu sou pai desde os 23 anos, 8 meses e 18 dias (desculpem-me pela precisão). Pergunto: Eu já era conhecido antes? — Sim. Mas, não como pai.

Deus era conhecido por Abraão, Isaque e Jacó? — Sim. Mas, por outras características. A característica a ser experimentada por Moisés, e por faraó, e pelos hebreus, não foi experimentada pelos patriarcas, pois para eles não houve tal necessidade.

Antes de comer o fruto, Adão conhecia a Deus como “Criador”. Após a infeliz mordida, passou a conhecê-Lo como “Redentor”.

Percebam, então, que não se trata de Deus não ter sido conhecido pelo “nome” — Ele não havia sido conhecido pela “característica”!

Quarta — Não sei falar bem.

Voltando para a sequência dada pela Lição, vemos que nessa primeira parte de Êxodo 6 tem um vai e vem. Moisés recebeu a primeira negativa de faraó, e a primeira bronca dos hebreus; recorreu a Deus e, agora, Deus lhe dá novas orientações, ordenando-lhe: “Diga aos filhos de Israel” tais e tais coisas.

O verso 9 registra que Moisés foi, falou, “mas eles não deram ouvidos, por causa da angústia de espírito e da dura escravidão”. No verso 11, Deus insistiu, e voltou a falar com Moisés, dando-lhe uma nova ordem: “Vá e diga a Faraó, rei do Egito, que deixe que os filhos de Israel saiam de sua terra” — e é nesse momento que o nosso querido Moisés responde reafirmando sua incapacidade (versos 12 e 30): “Senhor, eis que os filhos de Israel não me têm ouvido; como, pois, me ouvirá faraó? E não sei falar bem” — “Eu não sei falar bem. Como é que faraó vai me ouvir?”

A versão Almeida Corrigida diz: “Sou incircunciso de lábios”. Ou seja, ser circuncidado era algo importantíssimo na cultura hebraica; e o inverso (não ser circuncidado) era algo extremamente inadequado (Basta lembrar do filho mais novo de Moisés). Então, usando a “incircuncisão” como metáfora, Moisés diz assim: “Senhor, eu não sei falar bem; eu não sou a pessoa adequada para falar”.

Curiosamente, Estêvão, em seu discurso registrado em Atos 7, disse que “Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras”. Bem, eu duvido que Estêvão estivesse mentindo a respeito de Moisés. E também duvido que Moisés tenha mentido ao falar de si mesmo. O que deve ter ocorrido é: quando príncipe do Egito, sua voz era uma ordem; mandava e desmandava; não precisava persuadir ninguém — agora, além de ter perdido o sotaque e o sentido de algumas palavras egípcias, se viu em falta na arte da persuasão.

Mas Deus não desistiu dele não!

Quinta — Moisés: como Deus sobre o faraó.

Em Êxodo 7, decididamente Moisés volta a falar com faraó. E, aqui, um reforço: se havia dificuldade para uma primeira audiência, esta segunda deve ter sido mais difícil ainda — mas ocorreu.

Porém, a Lição dá um stop. A conversa com faraó será tratada na semana que vem, que vai falar sobre as pragas. Por agora, a Lição fica na primeira parte do capítulo 7. Se detém ao fato de finalmente Moisés parar de mostrar suas dificuldades e limitações.

Deus diz que ele, Moisés, teria a voz de comando sobre faraó, como representante de Deus, e que Arão seria o seu profeta, o seu porta-voz.

Nessa primeira parte, há uma expressão completamente estranha (Deus endureceu o coração de faraó), mas nós vamos considerá-la somente na semana que vem. Por isso, aqui fica o convite: voltem; vai valer a pena.

Irmãos, amem Moisés. Falem mal dele não. Foi ensinado quando criança nos caminhos de Deus, e envelheceu sem se desviar dele. O homem era gente boa!

Louvemos a Deus por colocar diante de nós uma excelente referência de liderança.

Sexta — Conclusão.

“Moisés foi um filho de Deus, escolhido para uma obra especial. Tendo sido adotado pela filha de Faraó, foi grandemente honrado pelos membros da corte do rei. Sendo ele neto do rei, tinham todos o intenso desejo de exaltá-lo. Consideravam-no o sucessor do trono.

Moisés era homem de inteligência, e Deus em Sua providência colocou-o onde pudesse adquirir conhecimento e aptidão para a grande obra. Foi meticulosamente educado como general. Quando saía para enfrentar o inimigo, era bem-sucedido; e por ocasião de seu retorno das batalhas, o exército inteiro lhe cantava louvores.

A despeito disso, Moisés conservava em mente o fato de que por sua mão Deus libertaria os filhos de Israel”. (Cristo Triunfante, pág. 100 — Meditação Matinal de 03/04/2002).

Deus nos abençoe.

Carlos Bitencourt / Ligado na Videira