Sábado – Sinais que apontam o caminho.
Novo trimestre, nova Lição. Mais um Livro da Bíblia para ser estudado – porém, de maneira diferente do último. Não o estudaremos capítulo por capítulo, mas, tema por tema. Uma semana é um tema, outra semana é outro tema. E, pra isso, vamos viajar para frente e para trás nos capítulos, conforme o tema exigir – mas, sempre dentro do mesmo Livro: o Evangelho de João.
Quem foi João? João foi o mais jovem dos discípulos, e o que morreu por último, em avançada idade. Quando jovem, era muito nervoso – ele e seu irmão Tiago. (Herdaram o temperamento do pai). Mas, com o novo Mestre, acabou se amansando, a ponto de ser lembrado como o “discípulo amado” (e amoroso, amável). Jesus manifestou um carinho muito grande por João. Por sinal, uma de Suas últimas palavras foi dirigida diretamente a este discípulo. Disse Jesus: “João, cuide da Minha mãe”.
João não teve uma vida fácil não. Sua lida inicial foi na pescaria. Tempos difíceis. Vida muito simples. Depois, piorou. Na qualidade de discípulo de Jesus, foi perseguido a vida toda. Chegou a ser colocado dentro de um tacho de óleo fervendo – mas, viu a mão de Deus lhe concedendo um milagre. Mais adiante, foi exilado numa ilha. Ainda bem que já estava acostumado com o luxo zero. E, ali, foi bem-aventurado ao receber uma visão sobre o fim do pecado e dos pecadores. Viu também o novo Céu e a nova Terra. Viu a segunda vinda de Jesus e viu o Jardim do Éden retornando para o lugar de onde nunca deveria ter saído.
Foi em algum momento depois de Patmos que João escreveu o Evangelho. E, tendo adquiro tanta experiência de vida, o escreveu de modo diferente de Mateus, Marcos e Lucas. Tem umas histórias exclusivas e de aprofundamento teológico maior. E a proposta do autor da Lição é a gente se apoderar de tais escritos.
Mas, antes de começar, um recado aos professores: Vejam o título de cada uma das páginas da Lição. Passem os olhos no título de cada um dos dias. E se algum parágrafo ou pergunta lhe chamar a atenção, faça uma marca. Sublinhe. Pinte. É de extrema importância ter pelo menos uma noção por onde a Lição vai transitar, e aonde vai chegar. Isso evita a gente falar uma coisa no início e ter que corrigir do meio para o final. Se os primeiros tijolos estiverem tortos, o prédio ficará torto.
Especificamente nesta primeira semana, vimos: a água sendo transformada em vinho; a cura do filho do oficial de Herodes; a cura no tanque de Betesda; a cura do cego de nascença; a cura do homem da mão mirrada; e Jesus sendo acusado de representar Belzebu por ter tirado o demônio de uma pessoa – sendo que, em algumas dessas histórias, por ter ocorrido no sábado, os fariseus se enfureceram de modo terrível e espantoso.
Dito isso, vamos começar!
Domingo – O casamento em Caná.
Através das histórias bíblicas, aprendemos que Jesus faz questão de nos dar evidências para a fé. Em cada convite para caminhar, reparem que Ele sempre providencia um chão para os nossos pés. Assim Ele fez com os Seus discípulos, e com as pessoas com quem entrou em contato, e assim tem feito conosco. Sempre Ele nos dá evidências! Mas, a questão é: SÓ “MILAGRES” SÃO EVIDÊNCIAS?!
Bem, no início do capítulo 2 de João, nos é dito que Jesus foi num casamento na cidade de Caná (andando, cerca de duas horas longe de Nazaré). Era costume servir suco de uva – mas, primeiro, era o suco de segunda – até que, na segunda parte da festa, vinha o de primeira. Mas, nesse casamento, acabou um e não veio o outro.
Nesse momento, a mãe de Jesus entrou em ação. De início, Lhe informando o ocorrido. Nosso Senhor, então, realizou um milagre, transformando água em puro suco de uva. O melhor dos melhores.
O que significou tudo isso? Jesus estava inaugurando Seu ministério de milagres? Se era a inauguração, por que Maria O procurou e O informou a respeito da falta? Estava ela na expectativa de que Ele realizasse algum milagre? Ela já sabia que Ele fazia milagres? Mas não nos é ensinado que este foi o primeiro? Ao mesmo tempo, se este foi o primeiro, os discípulos haviam deixado tudo para trás mesmo antes de um primeiro milagre? Temos aqui, será, um sinal de que eles O seguiam não por ser Milagreiro? Mas, por que, depois de centenas de milagres que vieram a ser feitos, O abandonaram quando chegou a cruz?
Na Lição de segunda-feira está escrito: “É importante reconhecer que os milagres, por si só, não provavam que Jesus era o Messias. Outras pessoas realizaram milagres. Algumas eram profetas verdadeiros, outras eram falsos profetas. Os milagres revelam apenas a existência do sobrenatural; eles não significam, por si só, que vêm de Deus”. E, na mesma linha, conclui: “Satanás também pode realizar milagres, se, com essa palavra, queremos dizer atos sobrenaturais”.
Bem, são muitas as perguntas que fiz. Além disso, tem este intrigante parágrafo da própria Lição. Sendo assim, sem querer me esquivar, mas me esquivando, chamo vocês para andar num caminho diferente: Será que Jesus não estava ensinando que nós nos contentamos com suco de segunda categoria e que só Ele é capaz de nos conceder o melhor de todos os sucos? Se quem bebe da água que Ele oferece nunca mais vai ter sede, imagine beber o puro suco de uva!
Reparem: Os discípulos beberam desse suco mais fraco e, depois, do melhor – até que chegou a noite em que Jesus instituiu a Santa Ceia, quando disse que o suco representava o Seu sangue. Podemos enxergar alguma sugestão ao ligar as duas pontas? Se de pescadores de peixes passaram a ser pescadores de homens, podemos falar que, nas mãos de Jesus, de água podemos passar a ser o mais excelente suco de uva? Ao mesmo tempo, será que, de bebedores de suco de segunda categoria, podemos ser salvos pelo sangue de Cristo?
Penso que esta proposta nos leva a pensar mais em Jesus do que no milagre, sendo que, com ou sem milagre, Ele é Jesus Cristo, o Messias prometido.
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Segunda – O segundo sinal na Galileia.
Na sequência, a Lição nos apresenta uma história que está no final do capítulo 4 de João. Jesus havia saído de Caná, viajado por alguns lugares, e agora, cerca de um ano depois, estava de volta em Caná. E um oficial do rei Herodes Antipas, sabendo disso, foi ao encontro de Jesus… “e rogou-Lhe que descesse (uns 25 km de Caná até Cafarnaum, onde morava) e curasse o seu filho, porque já estava à morte”.
Irmãos, como e quando se deve pedir algo para Deus? Existe uma fórmula? Os esforços humanos devem ser usados antes ou depois do auxílio de Deus? Ou nunca deve existir esforço humano?
Penso que não deva ser manifestada nenhuma crítica ao modo como o oficial abordou Jesus. Não lemos corações. Não somos juízes. E nos é certificado na Bíblia que ninguém vai até Ele sem que o Pai o tenha enviado. Se chama alguém num determinado momento, esse é o momento. E, complementa a Bíblia, tendo ido, de modo algum ele será mandado embora. Portanto, valorizemos a ação do oficial, da maneira e no tempo que ele entendeu ser o certo. Conforme dito para outras histórias, as coisas aconteceram nessa ordem para que mais uma vez fosse manifestada a glória de Deus.
Outra coisa: não há necessidade alguma de medir a fé de alguém. Nem mesmo a nossa. Se não somos perfeitos, como a fé seria perfeita? O oficial fez de tudo por seu filho, até que chegou a oportunidade de estar frente a frente com Jesus – e o que importa é que Jesus não desperdiçou esse encontro. Disse-lhe: “Vai. O teu filho vive. E o homem creu… e foi-se”.
Essa história é linda. Quem já pediu algo em favor de um filho sabe muito bem do que estou falando. Essa história é linda de mais! Mas, lembremos: alguns pais oram, e seus filhos não são curados – e nem por isso devemos falar que lhes faltou fé, ou que procurou Jesus tarde demais.
Terça – O milagre junto ao tanque de Betesda.
No início do capítulo 5, mais uma história, e envolta em situações “curiosas”.
É provável que Betesda signifique “casa da misericórdia” – mas a misericórdia está no fato de Jesus ter curado o enfermo, e não no suposto agitar das águas. Quanto a água ser agitada por um anjo, lembremos que esse não é o modo de Deus operar milagres. Se era um anjo, era um dos que foram expulsos do Céu. Mas, no livro O Desejado de Todas as Nações, na pág. 202, somos ensinados que era um agito natural, pois tinha a ver com a pressão vinda das fontes.
Quanto a alguém ter sido curado, não há registro de um sequer. Creio que, se houvesse, em algum momento os fariseus teriam dito para Jesus: “Não precisamos do Senhor. O tanque nos basta. Quase todo dia sai alguém curado de lá”.
Bem, para esse lugar horrível, Jesus desceu. Lugar imundo e fedorento. Um enfermo pulando por cima do outro. E os religiosos, lá em cima, preocupados unicamente se os enfermos “santificavam” o sábado.
Jesus foi até o pior caso – agravado pelos 38 anos de enfermidade – o caso mais sem esperança – e perguntou: “Queres ficar são?” O enfermo respondeu: “Sim, mas eu não tenho nenhum amigo para me ajudar”. Jesus ordenou: “Levanta-te, pegue sua cama e anda”. “Imediatamente aquele homem ficou são”.
Pra mim, o forte da história é: O homem não foi até Jesus e nem chamou Jesus. A pergunta de Jesus foi retórica, pois é lógico que o homem queria ser curado. E Jesus não perguntou nada sobre “fé”. Simplesmente fez o que Lhe é próprio: curou.
Creio que não se deve discutir se a fé vem “antes, durante ou depois”. Não se deve discutir se a fé é “pequena, média ou grande”. Nem nesta e nem em outra história. A questão é: Nosso Senhor Jesus desceu até nós, enfermos pelo pecado, e, por Ele, podemos ser imediatamente curados. Mas, com a velha mania de postergar, nos fiamos de que, um dia, o Espírito Santo vai abrir a nossa cabeça. Que, um dia, seremos transformados. Assim como falamos que o Brasil é o país do futuro (e esse futuro não chega nunca), também achamos que, um dia, seremos totalmente de Deus.
O homem de Betesda aceitou a cura imediatamente – e andou como um curado deve andar.
Quarta – Corações duro.
Tendo sido curado, o homem fez o que Jesus lhe ordenara. Ou seja, para ele, Jesus passou a ser a autoridade, e a Ele obedeceu. Assim, pegou sua esteira, a enrolou, colocou no ombro, e saiu daquele lugar. Mas, lá fora, estavam aqueles que nunca fizeram nada por ele. Lá fora, estavam aqueles que nasceram para arrumar encrenca – e a encrenca era: “Por que você está carregando sua cama no sábado? Esqueceu que isso é proibido?”
Irmãos, a “dureza de coração” é contagiosa. Ela persegue a humanidade desde que Adão e Eva tiveram filhos. De Caim, passou para os antediluvianos; sobreviveu às águas do dilúvio; passou por faraó no Egito, e também pelos filisteus; e chegou aos líderes do povo de Israel. Que coisa!
Homens de coração duro criaram leis. Com essas leis, pintaram o sábado com as cores das trevas. Em vez de dia de alegria e paz, o sábado passou a ser um dia chato, carregado de fardos. E foram pra cima do homem curado, e também pra cima de Jesus.
É de se estranhar o que estava acontecendo? Não. Não há nada de estranho. Era o abominável dominando o coração de quem deveria ter deixado Jesus dominar. Estavam vendo um milagre fora de série – um milagre em pessoa – ali, diante dos olhos de todos. Mas, aproveitaram o ensejo para endurecer mais ainda o coração, passando a tramar a morte de Jesus.
Coração duro leva os homens a caminhos que lhe parecem direito, mas o fim é igual ao de Judas.
Quinta – Reivindicações de Jesus.
Irmãos, eu tenho grande admiração pelos “sábios do Oriente”, popularmente chamados de “reis magos”. Hoje é totalmente fácil crer em Jesus. Só não crê quem não quer. As evidências a respeito de quem Ele é são inúmeras! Naquela época, crer no Jesus “adulto” era relativamente fácil. O problema era que o judaísmo era forte, dominante, e havia distorcido completamente a verdade verdadeira. Então, crer em Jesus era relativamente fácil, mas não totalmente fácil (é só lembrar dos irmãos de Jesus). Mas, os reis magos creram no Jesus “bebê”. Antes de verem a estrela, creram na vinda do Salvador. Então, diante de uma manjedoura, aceitaram que o Bebê era o seu Salvador.
Os pastores de Belém também foram até a manjedoura, mas eles eram da família de Abraão. Simão e Ana, no Templo, quando o bebê Jesus foi apresentado, também O reconheceram como seu Salvador, mas eles eram da família de Abraão. Porém, os sábios do Oriente nem israelitas eram!
Bem, Jesus deu sinais. Fez milagres. Deus evidências. E continua trabalhando nesse sentido. Porém, é contra a lógica divina Ele nos obrigar a aceitá-Lo. A aceitação é voluntária. Eu escolho. Vocês escolhem. Mas, independentemente do nosso “sim” ou “não”, Ele continua sendo Jesus.
Diante de nós, vários são os sinais de Sua segunda vinda. Sinais e mais sinais. Evidências e mais evidências. É certeza que Ele vai voltar. Espero todos vocês nesse grande Dia.
Sexta – Conclusão.
Especificamente sobre a questão do “sábado”, há quem use essa história para supor que Jesus anulou o sétimo dia – mas isso não procede. Quando tomo um litro de suco puro de uva, e passo mal, o problema não está na uva, mas na dose.
Os fariseus impuseram regras humanas na guarda do sábado. Fizeram o sábado ser um dia triste, carregado de “não” misturado com “não”, acrescido de “não”. O que Jesus fez foi tirar esses “nãos”, todos inventados pelos fariseus, e deixar o sábado ser o sábado, na dose certa, na dose divina. Tirou a tristeza e revelou a alegria. Tirou o peso e mostrou o sentido original.
Sábado sempre foi e continuará sendo um dia separado por Deus. Um dia que Ele escolheu para Si, com o propósito de beneficiar a humanidade através de uma comunhão exclusiva Consigo. E, simploriamente, falamos que “guardamos o sábado”, sendo que, na verdade, nós somos guardados pelo sábado. O sábado é um privilégio!
Opa! Conforme o título da Lição, será que o “sábado” também é um sinal que aponta o caminho?
Deus nos abençoe.
Carlos Bitencourt / Ligado na Videira